Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2023

O 'Outono alemão', de Stig Dagerman, ou uma releitura da Alemanha de 1946

Imagem
  O Outono Alemão , de Stig Dagerman Quando os jornalistas internacionais que acometiam a Berlim, um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial , elaboravam a redacção única da merecida miséria em que viviam, então, os alemães, neles detetando, em permanência e de modo indiferenciado, uma filia nazi não extinta, Stig Dagerman (1923-1954), enviado pelo (sueco) Expressen a terras germânicas no Outono de 1946, condói-se com as caves inundadas em que vivem tantas famílias, colocando os filhos na rua – até então, na cama com água quase até às canelas - duas horas antes da escola começar para que estes encontrem víveres, isto é, solicitando-lhes, em rigor, que roubem; fica impressionado com as ardósias utilizadas na escola – onde não havia nada para ler ou escrever - como forma de substituir janelas e impedir o vento de passar; implica-se nas crises de fome na região do Ruhr (e, quando comida há, “a carne e os legumes que comem são repugnantes”, p.17); nota pessoas debaixo dos escombros

HIKIKOMORI

  ' HIKIKOMORI ' “A normalidade ou c’o diabo quiserem chamar a esta vida, é tão frágil que pode quebrar-se a qualquer momento.  Num segundo, umas notas más, um desengano amoroso ou uma entrevista de emprego falhada [ou o emprego não cumpre as expectativas sociais ou familiares] podem fazer descarrilar um ser humano. Como uma bola de ténis que bate na rede e não se sabe em que lado do campo cairá, todos caminhámos, em algum momento, sob o arame, sem sabermos se iríamos poder integrar-nos na sociedade ou não . (…) [No Japão] Desde a década de 90, quando estalou a bolha imobiliária que acabou com o sistema de emprego para toda a vida, deixando uma legião de desempregados, assim [ hikikomori , nome cunhado pelo médico  Tamaki Saito ] se denominam as pessoas que  se isolaram da sociedade, e inclusivamente das suas famílias, fechando-se nos seus quartos, cortando as suas relações com amigos e parentes . (…) ‘Trata-se de um problema muito frequente [no Japão, onde, segundo os dados do

EUROPA: «IN VARIETATE CONCORDIA». VOLIA!

Imagem
  EUROPA: «IN VARIETATE CONCORDIA». VOLIA Conselheiro de governantes, de diferentes matizes ideológicos, pelo mundo, Professor de Estudos Europeus da Universidade de Oxford, Senior Fellow da Hoover Institution da Universidade de Stanford, intelectual público com forte presença em periódicos de referência internacionais e, bem assim, nos debates que se coloca(ra)m, em cada momento, aos cidadãos do mundo , Timothy Garton Ash , num relato que combina erudição com episódios raros, pequenas histórias, anotações pessoais e diarística de décadas de viagens pelos mais variados recantos europeus, anedoctas , aforismos e poemas preciosos (no iluminar de épocas e condição humana com que se confronta), procede, em “Pátrias” ( Temas e Debates , 2023), livro dividido em cinco capítulos fundamentais - Destruídas (1945), Divididas (1961-1979), Ressurgindo (1980-1999), Triunfando (1990-2007), Vacilando (2008-2022) -   a um balanço das últimas sete décadas europeias e, outrossim, elabora uma en