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A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

PORTUGAL, 2024

  Portugal, 2024 1 .Sem prejuízo da constatação de que os jovens portugueses se encontram mais alienados do voto – embora, paradoxalmente, reconhecendo, aqueles, a importância deste - do que os mais velhos de entre os nossos concidadãos; de que a juventude de hoje vota menos do que (a) juventude(s) de outrora, em Portugal (mas também os eleitores entre os 30 e os 45 anos começam a abster-se mais do que aqueles que, nas gerações anteriores, e em tais idades, se encontravam perante a opção de ir às urnas, como prova João Cancela ); de que é menos provável a afiliação em um partido, por banda dos mais novos, do que em um passado recente (cf. Sofia Serra-Silva , “O Portugal democrático e europeu: o caminho trilhado, os desafios e o que falta percorrer”, in Margarida Cardoso (coord.), “E depois da Revolução. Cinco décadas de democracia”, FFMS , 2023, p.60) e, bem assim, das consequências que tal acarreta, seja para a possível/provável não (densificação da) representação das suas causas , d

A MADRUGADA EM BIRKENAU. SIMONE VEIL

  A madrugada em Birkenau. Simone Veil O cineasta David Teboul tornou-se muito próximo de Simone Veil, personalidade cuja biografia congrega os pontos cardeais do século XX europeu, e coligiu um acervo testemunhal, centrado em Veil, mas contendo, também, outras vozes de sobreviventes da Shoah, que nos devolve á nunca acabada revisitação (ética) do inferno terrestre 1.Em Birkenau, a verde relva de hoje não evoca a pesada lama que submetia as galochas diárias que a atravessavam, nos anos 40, para carregar pedras aos ombros; o céu limpo não permite aproximação alguma a uma atmosfera escura, saturada de fumo e cinzas que caíam sobre os campos e poluíam os corpos; o entranhado cheiro a carne humana queimada que permeava tudo e todos, a todas as horas, dissipou-se com o século; das torres de vigia dos kapos nazis desapareceram quaisquer figuras humanas, para mais com o seu sinistro recorte de um alemão berrado a ódio, que traiu a língua de Holderlin, mais os cães que mordiam a sério, as

"A SALA DE PROFESSORES", DE ILKER ÇATAK

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  “ A   Sala de Professores ”, de Ilker Çatak Dir-se-ia que ancorada numa longa tradição do cinema que convoca o professor idealista , mas, ainda assim e de um modo outro (não já a última inovação e quinta essência do impensado/inexperimentado em sala de aula), há muito que não via na tela uma personagem, como a professora Carla Nowak ( Leonie Benesch ), tão obstinada na sua auto-exigência ética, tão capaz de defender, na sua prática quotidiana, aquilo em que acredita mesmo tal lhe causando sério prejuízo [tão sublinhado o imperativo categórico ] - o jornal escolar, feito, em exclusivo, por alunos, que traem o combinado de enviar a entrevista, à entrevistada, antes daquela ser impressa, e que escreverão um artigo tabloide a colocá-la, e sua dignidade, seriamente, em causa, ademais respondendo-lhe com total falta de empatia, o problema é seu , se não consegue lidar, não temos nada a ver com isso , e, ainda assim, contra a decisão maioritária da Direcção, a sustentação, pela própria,

DO ESTADO DA CIVILIZAÇÃO

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  Do estado da civilização 1 .Quando a Primeira Guerra Mundial se conclui, com o seu cortejo de milhões de mortos e feridos – “não se trata apenas do facto de, num período de quatro anos, mais de nove milhões de homens terem sido enviados para o fogo da frente, conferindo a nova nota à mortalidade. O que é decisivo é o número de caídos e de vítimas civis parecer resultar das tensões internas do próprio acontecer cultural” ( Peter Sloterdijk , “Depois de Deus”, Relógio d'Água, 2021, p.10) -, Paul Valéry constata (em A crise do espírito , 1919) que também as altas culturas (e não apenas os indivíduos), as civilizações – integradas pela linguagem , pelo direito e pela divisão do trabalho – são mortais. Ora, em uma época, como aquela que atravessamos, em que a barbárie de uma guerra de agressão está, de novo, instalada, desde há dois anos, na Europa (ceifando centenas de milhares de vidas); quando o Médio Oriente explode de ódio (fazendo colapsar inteiras cidades, onde nada, ne

Coisas simpáticas

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  Por desafio do caríssimo amigo Professor Paulo Reis Mourão , e em co-autoria com o distinto académico de Economia na Universidade do Minho, assino, na obra coletiva, acabada de ir para as livrarias, "Desafios de Ética contemporânea" (coord. António Duarte Santos ), o capítulo "Ética e política económica". Neste volume, escrevem Guilherme d'Oliveira Martins , Viriato-Soromenho Marques , José Ribeiro e Castro , João Ferreira do Amaral , Carlos Fiolhais , Maria do Céu  Patrão Neves , Paulo Sande , David Marçal , Fernando Ribeiro Mendes , Manuela Silva , Alberto Arons de Carvalho , Henrique Monteiro , Miguel Guimarães , Filipe Duarte Santos , entre outros. https://www.almedina.net/ desafios-de-tica-contempor- nea-1704891716.html