A MADRUGADA EM BIRKENAU. SIMONE VEIL

 

A madrugada em Birkenau. Simone Veil

O cineasta David Teboul tornou-se muito próximo de Simone Veil, personalidade cuja biografia congrega os pontos cardeais do século XX europeu, e coligiu um acervo testemunhal, centrado em Veil, mas contendo, também, outras vozes de sobreviventes da Shoah, que nos devolve á nunca acabada revisitação (ética) do inferno terrestre

1.Em Birkenau, a verde relva de hoje não evoca a pesada lama que submetia as galochas diárias que a atravessavam, nos anos 40, para carregar pedras aos ombros; o céu limpo não permite aproximação alguma a uma atmosfera escura, saturada de fumo e cinzas que caíam sobre os campos e poluíam os corpos; o entranhado cheiro a carne humana queimada que permeava tudo e todos, a todas as horas, dissipou-se com o século; das torres de vigia dos kapos nazis desapareceram quaisquer figuras humanas, para mais com o seu sinistro recorte de um alemão berrado a ódio, que traiu a língua de Holderlin, mais os cães que mordiam a sério, as chibatas, as bofetadas, os espancamentos; os edifícios estão cuidados e “até o arame farpado parece sereno” (p.83). Numa palavra, quando as pessoas, hoje, vão a Auschwitz-Birkenau, garante a sobrevivente judia francesa daqueles lager, Simone Veil, “observam um certo número de coisas, mas fica-se longe da transmissão de uma experiência” (p.239).

2.Paris, 1945, depois do fim da guerra. Um amigo de quem Simone Veil gostava muito, diz-lhe sobre o seu tempo de presença nos campos de concentração e extermínio nazis: “Foste decerto violada várias vezes…” (p.100). E um jovem judeu na casa França-Israel, num debate: “Que fez você para regressar viva dos campos?” (p.100).

3.Se Simone Veil, como prisioneira em Birkenau, Brobek, Bergen-Belsen, tinha passado para o lado de lá do humano, e se do Inferno não se regressa, talvez, ainda assim, esta crueldade objectiva com que é confrontada – a que talvez falte, nas vozes emprestadas a inquéritos deste jaez, uma “consciência subjectiva”, a raiz (do pensamento) não conectada, tal qual como tematizada quando o mal foi concebido já não em chave “radical”, mas “banal” – permita precisar certos destinos dos sobreviventes. Se Primo Levi, em “Os que sucumbem e os que se salvam”, pôde dizer que os melhores de entre os prisioneiros nos lager, pelo facto de o serem, pereceram (de imediato) face à absoluta inadaptabilidade a Auschwitz – relativamente ao qual não haveria, nunca, que adaptar-se, nessa perspectiva -, há, nesta curiosidade quase mórbida, lançada a Veil, como que uma acusação implícita, e por quem, ao contrário de um sobrevivente como Levi em homenagem aos que a seu lado caíram, não tinha legitimidade alguma para a promover (as vítimas acolhem-se, não se julgam). “Que fez você para regressar viva dos campos?” é uma pergunta que se assemelha demasiado a inquirir - ou, pelo menos, permite essa interpretação -, quão perverso havia sido aquele que escapou às malhas da morte, nos campos de concentração e extermínio nazis, para conseguir que assim sucedesse - e por comparação com a esmagadora maioria que a elas não se conseguiu furtar. Talvez na sua maldade objectiva, a pergunta do jovem na casa França-Israel, tenha o condão de nos aproximar, com maior intensidade, do insustentável peso que recaiu sobre os sobreviventes. Muitos suicidaram-se.

Quanto à interrogação acerca dos abusos sexuais perpetrados nos campos, Veil, que os não sofreu, regista que, embora, certamente, muitos tenham acontecido, em realidade, ela e suas companheiras estavam, paradoxalmente, “protegidas pelo antissemitismo dos nazis. O contacto com uma mulher judia era-lhes interdito” (p.100). E, no entanto, e face aquela pergunta do amigo, “não devia ter-me deixado afetar, mas fiquei destroçada”. A memória de Veil, aliás, conserva vários outros comentários que configuraram o equívoco do regresso – “julgava que tinham morrido todos” (p.100), “depois do que viveram, como podem ainda pensar em divertir-se?” (p.97). Tudo se lhe colou à pele: durante anos, no pós-1945, Simone Veil teve medo de entrar numa esquadra, de passar por um uniforme ou de franquear uma fronteira; ver crianças, podia trazer-lhe de volta a época da Shoah. Os sobreviventes eram estranhos e incómodos (para as sociedades em que eram (re)introduzidos), recordavam um tempo que de bom grado se apagaria da memória, diziam coisas por que haviam passado em que não se podia/não dava jeito crer; muitas vezes, não foram acolhidos, nem para eles houve hospitalidade alguma. Desde a espera, junto aos campos, mesmo após a libertação (em que alimentos eram conseguidos à custa de trocas e apenas destas - de cigarros, por exemplo), até sociedades que permaneciam arreigadas a um profundo antissemitismo depois da guerra terminar (“os franceses ainda eram muito anti-semitas após a guerra. Para mim, era um horror”, p.216), como que uma segunda vitimação adveio em não poucos casos (a estas mulheres e homens a quem já tudo acontecera).

4.Simone Veil vivia em Nice, numa família judia (não religiosa), oriunda da Alsácia-Lorena, em que o pai ficara em cativeiro durante 4 longos anos durante a primeira guerra mundial, um arquitecto que se tornara austero, autoritário e manifestamente antigermânico (p.48), para quem as refeições tinham horas rígidas e intransponíveis, lugares marcados e inalteráveis à mesa, em casa, e maneiras a observar sem falhas – nada de cotovelos a ladearem os pratos, por parte da prole, com três raparigas e um rapaz -, antes do ingresso no sofá para a leitura do periódico, diário, de direita. De ascendência aristocrática, dava grande valor aos livros, em casa sem rádio ou televisão. A mãe, destinada a cuidar da família, de uma grande sensibilidade, nem nos campos se permitia responder com indignidade à indignidade, superior em carácter e bondade a todos os demais – a verdadeira figura que Simone Veil admirará profundamente (“o único ser notável aos meus olhos, é a minha mãe”, p.93). No início dos anos 40, Nice ficará sob o jugo italiano (de Mussolini). E àquela cidade, vão chegando, entretanto, refugiados judeus alemães. A família tem uma atitude favorável a estes, percebe que fugiram, claramente, do mal. Mas os concretos relatos que trazem são inacreditáveis (p.56). É preciso não acreditar para continuar a viver – como em Auschwitz era necessário ir a cantar enquanto se carregam pedregulhos, para aguentar o quotidiano (dantesco). Ora, se, em Nice, naquele momento, ainda não haviam chegado as deportações para Drancy (Abril de 1944) e Auschwitz, e ainda é possível, de algum modo, não acreditar (mas, assim, também, a família de Veil poderia ter fugido e não fugiu, mesmo com os avisos de Raymond Aron que viera de terras teutónicas e vira como soía), o que dizer do que se passa, várias décadas depois, com a mulher que no pós-1945, se não se tornara cínica, ficara “sem ilusões” sobre os humanos (“creio que o mundo é violento em si mesmo”, p.240) e experimentara, com marca indelével, a política, perante os massacres no Cambodja? “A situação política interna do país desencadeou o genocídio cambojano. Esse evento não se assemelhava a nada conhecido. Ninguém o podia compreender, ninguém fez nada, ninguém pôde fazer nada. É um dos meus grandes remorsos (…). Quando me disseram que os Khmers vermelhos tinham arrasado o hospital de Phnom Penh e que matavam os doentes, isso pareceu-me inimaginável (…). Mesmo que saibamos por experiência que tudo pode acontecer, é-se apanhado de surpresa” (pp.240-241).

Não há um (mero) saber intelectual face ao qual um repente pragmático surpreende (o que sabíamos); mesmo uma tatuagem forçada na pele, destinada a humilhar, a rebaixar, a tornar o humano em sub-humano, num número, não impediu que, de novo, o mal extremo – ainda que sob a forma sistemática e industrializada, as fábricas da morte nazi sejam sem comparação, e a conversa de que cada época tem as suas tragédias desrespeite, em absoluto, quem passou pelos lager – fosse uma surpresa.

Na recolha testemunhal para “Simone Veil. A madrugada em Birkenau” (Quetzal, 2021), David Teboul assistiu ao reencontro de Veil com (o também prisioneiro sobrevivente dos campos nazis) Paul Schaffer e viu-os concluir, amargamente, que todo o arbítrio, sadismo, desumanização a que foram sujeitos, toda a experiência por que passaram, “não tornou a humanidade melhor”: “o que me entristece, diz Schaffer, é pensar que a nossa experiência e o preço tão elevado que pagámos não serviram para tornar a humanidade um pouco melhor, mais pacífica, mais respeitosa dos outros (…) Sessenta anos mais tarde, o que vejo agora horroriza-me. Para que pagámos tão caro? Para um mundo que continua tão violento, tão agressivo” (p.240). Veil introduz, contudo, uma nuance: quando quer dar-se a uma visão mais optimista das coisas pensa no mais de meio século em que a Europa, se exceptuarmos a antiga Jugoslávia, se conserva sem guerras.

5.Durante a viagem para Auschwitz, nos vagões para gado dos comboios da morte, o dobro dos humanos que, mesmo nos piores pesadelos, seria possível ali meter. Passam, literalmente, uns por cima dos outros, de quando em quando. Quase não há uma frincha por onde respirar. Fazer a refeição, por pior que ela seja? Daria calorias necessárias, é certo, mas também acarretaria sede. E não há o menor líquido que seja colocado à disposição dos detidos. É preciso optar (p.67). E conversar? Falar também dá sede. Melhor calado. E há necessidades biológicas impreteríveis. As latrinas enchem, os cheiros são nauseabundos, líquidos circulam sem entraves. Muitos morrem antes de chegar a Auschwitz.

6.Mulheres polacas usadas como guardas, em Auschwitz. Por vezes, viram morrer filhos, assassinados à sua frente. Enfrentaram todo o terror do mundo. Inocularam-lhes o mal. Não admira a brutalidade de que se revestem agora. Bofetadas a eito, safanões, espancamentos se as detidas a seu cargo, por exemplo, não carregam pedregulhos enormes - ou só porque sim dado que o arbítrio, a imprevisibilidade, o absurdo como regra impõe-se nos campos de concentração e extermínio nazis (p.74). Como famílias houve separadas à chegada ao lager, como gente conhecida foi posta de lado, em se perguntando que é feito delas, a resposta surge com a mais absoluta das cruezas: estão ali, naquelas cinzas, naquele fumo, no céu. É tudo (“aquele fumo, eis o que resta deles”, p.70). E, sem embargo, uma dessas mulheres, salva da morte a bela Simone, sabe-se lá porque motivo, nos diferentes campos por onde aquela passou, arranjando-lhe trabalhos e condições que lhe permitem permanecer à tona.

Veil nunca se separa da mãe e da irmã. As três, naqueles andrajos cheios de lêndeas e piolhos que lhes entregaram à chegada aos campos, cabelo cortado, se bem que não rapado (por mero acaso e sorte, nos seus casos), serão exemplo extraordinário para quem os contempla (diz-lhe no pós-guerra uma das amigas que também sobreviveu a Birkenau). Sim, seres de relação, são, ainda nos campos, invadidos por uma esperança quando um detido se apaixona, ali, por uma prisioneira, e o amor acontece. Mas como será ver a própria mãe esbofeteada? “Deve ser muito penoso estar ali com a própria mãe”, diz-lhe a amiga Marceline, em outro reencontro entre ex-prisioneiros em Auschwitz que o volume de Teboul contém. Se a mãe diz sempre o que se fazer e não fazer, então, num sítio como aquele, deve ser especialmente constrangedor: “pelo contrário, a mamã nunca pregava a moral” (p.202). A sopa, nos campos, é dada numa gamela enferrujada; só o aspecto, da sopa e da gamela, repugna qualquer tentativa de abeirar do líquido. E, no entanto, se uma recusa se dá ao arribar a Auschwitz – lugar onde Veil encontra o inesquecível rosto de Mengele, p.68 -, a sobrevivência implica consumir aquela mistela, naquelas condições. Mais, se um prisioneiro passa e rouba uma gamela, em tais circunstâncias isso equivale a um crime (“passavam pessoas e tentavam roubar-nos o cachecol, o casaco, ou simplesmente a colher, até a malga onde comíamos. (…) [No entanto] nunca se agrediam os próximos”, p.82). A humanidade entre o melhor (uma enorme solidariedade entre os que estão próximos) e o pior, mesmo entre os prisioneiros. Há um conjunto de detidas comunistas, com as quais é possível ter conversas interessantes sobre política. E há guardas que deixam, deliberadamente, cair folhas de um jornal para indicar o que se passa na frente de batalha (p.204), a libertação estará para breve (Simone Veil esteve 14 meses nos campos de concentração e extermínio). A mãe de Veil, ao contrair tifo, morre em Bergen Belsen, depois de manter um optimismo espantoso – aguentamos até aqui, por isso vamos conseguir sair disto -, ou uma simulação de optimismo (o que era ainda mais grandioso e admirável).

Quem volta a França, depois da guerra e de ter estado nos campos de concentração e extermínio nazis, por vezes descobre que foi a porteira do prédio que denunciou a família (como sendo judia) – mesmo quando a porteira foi cuidada, e o lar pago, pelos denunciados (que não sabiam da denunciante, e se haviam perdido de compaixão por aquela -, há quem queira não reencontrar a mãe, quem depois de perder mulher e cinco filhos nos campos volte a casar…mas quando o filho nasce tente atirar-se da janela (“depois da guerra, muitos judeus eram profundamente neuróticos. Viviam numa espécie de negação da realidade. Só pensavam em casar, ter filhos, constituir família, como se nada fosse…Era uma loucura! Em certo sentido, tinham razão, a vida tinha de fazer valer os seus direitos. Mas tudo podia descarrilar violentamente”, p.217).

Tudo começara, porém, para Simone Veil, num hotel de Nice onde mãe e irmãs tinham sido detidas, apesar de usarem bilhetes de identidade falsos e de Simone ter deixado a escola (não era uma aluna extraordinária, diz-nos, ela que confidencia a professora, de Letras Clássicas, que a recebeu em sua casa, e a colocou no mesmo quarto da única filha que a docente tinha, para que não viesse a ser detida, sem nunca reclamar qualquer dinheiro a seus pais; isto aconteceu muito no colégio onde estava Veil, numa comovente ligação alunos-professores), tendo realizado, no entanto, os exames do Secundário – cujos resultados só veio a conhecer 14 meses mais tarde. Naquele hotel, com comida bem razoável, e no qual a Gestapo aconselhava os detidos a solicitar a amigos e familiares bens para poderem levar na viagem a realizar (e assim se apropriarem daqueles, com perfídia; muitos judeus, ainda, assim, esconderam-nos na terra de Birkenau, lá onde uma guarda vai retirar o frasco de perfume a uma prisioneira e esta despeja o respectivo líquido sobre as companheiras de infausta ocasião, p.69).

7.Simone Veil, no pós-guerra (já com a notícia de que o pai e o irmão tinham morrido), indo morar para casa de uns tios, em Paris, que fora assaltada (pelo facto de ali morarem judeus) e possuía os mínimos (os tios, médicos, tinham perdido o gosto de viver, após a morte do filho que pertencia à Resistência) voltará a estudar – na Science Po – e cursará Direito (recordará, nessa altura, o caso de um rapaz de 12/13 anos que fora escravo sexual dos SS e kapos nazis no lager e que se alcandorará a uma carreira académica brilhante; em não se suicidando os sobreviventes, como recuperam o desejo de viver? “a única resposta válida, a meu ver, é esta: não temos escolha”, p.108. A vida tem que prosseguir e permitir que isso aconteça, uma inevitabilidade). Estará na Administração Penitenciária. Terá três filhos. Aprenderão alemão, ao contrário da mãe.

Giscard d’Estaing, eleito Presidente francês em 1974, convidá-la-á para integrar o Executivo liderado por Chirac. Será Ministra da Saúde. Mais tarde, Presidente do Parlamento Europeu. Não raramente, as páginas dos periódicos hodiernos, em discorrendo sobre o tema do aborto, acenam o caso francês – o da Presidência Giscard, com Chirac Primeiro-Ministro e Simone Veil Ministra da Saúde - como ilustrando uma direita “muito progressista” neste campo. Veil ajuda a olhar de modo mais complexo. Começando por ela mesma, estamos a falar de i) uma personalidade que não havia militado em termos partidários (quando foi chamada ao Executivo: “não faz parte do meu temperamento pertencer a um partido (…) O que eu proponho, apetece-me logo contestá-lo”, p.120); ii) em eleições, havia votado à esquerda e à direita, antes das Presidenciais de 1974 (ainda que “eu nunca teria aceitado uma aliança com o Partido Comunista”, dado, nomeadamente, o “assustador dogmatismo” dos militantes desta formação partidária, pp.115-116; Veil dirá, por sua vez, da Frente Nacional que era “absolutamente irrecuperável e repugnante”, p.122); iii) considera que foi chamada ao Executivo, em boa parte, por ser mulher; iv) sente que provavelmente será uma pessoa mais popular em grupos de esquerda do que junto da direita; v) sublinha que à época, os socialistas e os gaullistas não se dividiam em temas como o peso do Estado na Economia (p.115), mas antes por questões como a Argélia, as (des) colonizações, a Europa; vi) evidencia como Chirac, a priori, era contra a despenalização do aborto que considerava “um capricho” de Giscard d’Estaing; vii) uma grande maioria no interior da coligação Presidencial de Giscard, que incluía democratas-cristãos, opunha-se ao Presidente, neste âmbito; viii) a lei, no entanto, afirma Simone Veil, dado que havia sido promessa de campanha de Giscard, tinha que ser levada para a frente e ela fê-lo - e, nessa altura, Chirac não a deixou ficar sozinha, antes a apoiando (e, conclui, de resto, Veil, “um homem não teria talvez conseguido aprovar a lei”, p.121); ix) depois de aprovada a lei, Simone Veil recebeu inúmera correspondência, muitas vezes insultuosa, de carácter antissemita, de muita gente que se proclamava de direita, tendo como tópico, ou pretexto, o aborto.

8.Também Veil, à semelhança de tantos, se questiona como “esta monstruosidade”, o nazismo e suas fábricas de morte, se deu “num país tão desenvolvido e culto” – e um dia indagou Yehudi Menhhin sobre este problema (“nada permitia explicar o horror nazi. A cultura alemã, tão requintada, não servira de barreira. A música, tão tocada, tão apreciada nesse país, não servira de nada”, p.107). A Alemanha, acrescenta, tinha uma cultura particular, antiga, mais favorável aos judeus do que a existente em muitos países europeus. O antissemitismo nazi rompia, pois, com a tradição alemã (p.107). Quanto ao não menos espinhoso ponto do perdão, em contexto tão abismal, a referência de que quem podia perdoar, já não se encontrava na Terra; a questão passava por como conviver depois de Auschwitz (com os alemães, nomeadamente, mas não só). A resposta de Simone Veil era clara: “desejei que a Europa se fizesse. Mas na condição de nunca esquecer”.

Pedro Miranda

(publicado no jornal I)

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