'A ESCOLA DA ALMA', DE JOSEP MARIA ESQUIROL

 
A escola da alma, de Josep Maria Esquirol

Rente ao chão, com palavras lhanas e simples, mas vivíssimas, próxima, nada retórica, compassiva mas exigente, sem sistemas totalizantes (desconfiguradores do humano) como horizonte, apenas um pouco de filosofia e de teologia e basta, suave e firme, aforística e poética, cálida, uma voz resiste ao desencantamento do mundo. Se por desencantamento do mundo entendermos, aqui e sem a preocupação de uma fidelidade absoluta ao uso original daquela expressão em Max Weber, um niilismo, como última palavra ocidental, enquanto expressão de quem não acredita em nada e que entende que nada vale a pena – o que fará com que, assim e por consequência, nada se erga, nada se faça, nada permaneça. Josep Maria Esquirol, premiado filósofo da Universidade de Barcelona, perseguindo a claridade e a clareza, observa sem adversativas (em A escola da alma, Paulinas, 2024): “a crise cultural é uma questão de fé” (ou, diríamos, de certa crise de fé, de convicções, de ideais, de confiança - prática e praticada; a crise cultural é uma questão de não suficiente crença e tenacidade no que pode elevar). Pequenas verticais sensivelmente inclinadas sobre a horizontalidade do mundo, mantemo-nos de pé auxiliados pelos outros (pela sua confiança, pelo seu olhar, pelo reconhecimento que deles vem). Trespassados pelo infinito que nos comove (mundo, vida, tu, morte), que erro e que pecado, que desperdício não lhe responder (indiferença, apatia), e não ajudar a responder (irresponsabilidade) os que nos incumbe educar – embora, e para lá do profissional e do parental, todos sejamos educadores, porque nos orientamos uns aos outros (ou, como diria João Manuel Duque, em Fátima. Uma aproximação [Paulinas, 2017], se gerarmos vida em abundância nos outros estamos a assumir a nossa paternidade ou maternidade: “sempre que somos férteis - sempre que originamos algo, seja o que for e como for - para bem dos outros, para lhes dar vida, estamos a realizar a nossa paternidade (e maternidade)” - em clave de proximidade que é um crer na humana capacidade de uma boa resposta (vida boa), (se) orientada para/pela densificação da atenção, o incremento do interesse (pelo estudo, pelas coisas da vida, pelos lugares, pelo outro), a intensificação da vida (e viver é incrível), numa palavra, se concebida uma “escola da alma” – e a alma, que é “a vida da vida”, deve ser cultivada porque pode perder-se - capaz de contribuir para forjar uma maneira de ser/viver susceptível de se abalançar, nomeadamente, ao contemplativo (da beleza e da profundidade), ao poético (capacidade de gerar), ao gesto médico (curar) e ao cosmopoiético (num mundo em vias de, por completar, de criar mais mundo no mundo: mais lar, mais harmonia, mais beleza), de o acolher, e às suas criaturas, e ao sentido que nele habita - e criar sentido também. De fazer parte ou ingressar em uma novaou talvez muito antiga ordem filosófica do amor - uma confraria que integra não os que tenham, necessariamente, encontros imediatos de terceiro grau, nem os que estejam numa cela mais ou menos apartada do mundo, mas os que nos remetem a uma “mística de olhos abertos”; claro que nesta ordem filosófica do amor – “Jaspers dizia que a filosofia poderia chamar-se a si mesma religião. Ao que se poderia acrescentar que a religiosidade (bem compreendida e bem vivida) também poderia ser chamada filosofia” - cabem um conjunto de aproximações e contributos variegados dos que se inscrevem num determinado olhar para/com vista a uma certa forma de habitar o mundo (e pelo modo como cada um habita o mundo, e sempre que assume a responsabilidade pelo outro, diríamos que nele se revela uma fé implícita, e, de um modo especial, quando essa responsabilidade é assumida para com/ao lado dos últimos, uma que diríamos assumir conteúdo(s) cristão(s)). Sem embargo, não podemos deixar de ler os escritos de Esquirol como, pelo menos, afins a muito do tesouro vital em que o cristianismo se constitui (e para o qual “Deus é [como o] amor” 1Jo, 4,16). Dir-se-ia, mesmo, que Josep Maria Esquirol é um grande tradutor – para um mundo secular e quando, justamente, se reclama, desde há muito, por uma linguagem capaz de dizer a este tempoe, em simultâneo, um extraordinário interlocutor daquele património. Se Tomas Halík, provindo de um lugar diferente – mas, a meu ver, que se inscreve, igualmente, muito nesta capacidade de tradução e de afirmar/tocar hoje, a que vínhamos de nos referir -, em Quero que tu sejas! [Paulinas, 2016], lobrigava, em cada humano, em simultâneo, um crente e um não crente (em diferentes momentos ou situações da existência, ecoando, aqui, ainda, Jung, como diria Anselm Grun), e se a distinção relevante seria entre buscadores e os que se encontram sedentários (em, pelo menos, certos casos, correndo o risco, estes últimos, de perda da sede), Esquirol afirma que “na ordem filosófica do amor não se utiliza a distinção comum entre «crentes» e «não crentes». Não se adequa[1]. Dos que permanecem [na ordem], alguns «acreditam que acreditam» [a la Vattimo] e outros «acreditam que não acreditam». E quando questionados, respondem sempre com muita cautela. Essas pessoas estão muito próximas, une-as o facto de estarem a caminho e desejarem ou, como diz Weil, «sentirem fome». Por contraste, não integram esta ordem filosófica as pessoas frias e indiferentes, que não se sentem tocadas e que, meio sonolentas, se encontram, não a caminho, em viagem/peregrinação[2], mas confortavelmente instaladas em alguma posição [maxime, num teísmo ou ateísmo que não se questiona, que não se problematiza, que não tem sede, ou “fome” [Weil]]. Aparentemente seguras do que dizem, sem fome – saciadas – e sem desejo dramático[3].
O mundo, que é, e que é profundo e não superficial (“contra aqueles que sustentam que ‘não há nada por detrás da cortina’ ou que ‘o segredo é não haver segredo nenhum’, respondemos: ‘De modo algum! Se permaneceres atento à revelação do mundo, sentirás a sua profundidade’”), comporta, excessivamente, beleza (a beleza das coisas, a beleza do mundo) – beleza que está, portanto, próxima da experiência humana fundamental – e, através desta e da profundidade, “chega-nos um sim, um admirado e grato sim. É o sim do mundo. O sim diante da beleza do mundo. O eterno sim do mundo, como diria Schelling”.
Não é que o mal e o sofrimento não existam. Existem, evidentemente. E negá-lo seria, aliás, estultícia e desrespeito, absoluto, pelas vítimas daqueles: “O mundo é beleza. E o mal existe no mundo. Sem sínteses. Sem superação dialéctica”. Ao reconhecimento da primeira revelação – a da beleza -, há que assumir a dureza de um segundo desocultamento – o do mal. Os dias sombrios e abissais ameaçam o sentido. E, face a essa permanente ameaça, consciente ou inconscientemente, oramos, pedimos que assim não seja, que o mal não se consume (“esta é uma experiência espiritual. É a experiência do inexistente, do não diante do mal”). Rezar é pedir que o mal não tenha a última palavra - ou, se preferirmos ainda, com Kung ou com Ratzinger, impõe-se a necessidade de uma justiça final, em especial para as vítimas inocentes e anónimas da história -, que a última palavra seja um canto (plenitude). Esperança “num sentido último que, de alguma forma, não permita que os outros sentidos se revelem vãos”. Inequivocamente, diante do mal a resposta nunca é a contemplação, mas o gesto médico: curar, fazer companhia, proteger e resistir. Por vezes, com sacrifício – e o sacrifíciodá testemunho de algo para lá do mal”. Testemunho: na vida madura, não nos limitamos a viver; testemunhamos a vida.
Isto pressupõe, desde logo, no entendimento de Esquirol, como constituinte da pedagogia e finalidade da “escola da alma” – onde está a alma? Animando. Não procures uma coisa, procura um acontecimento [um dos maiores especialistas hodiernos da obra de Tomás de Aquino escreve que, no pensamento deste, Deus se assemelharia, mais do que a uma entidade, a um acontecimento] - permanecer aberto ao sentido, o que gera fraternidade. Com o que, a nosso ver, é uma leitura antropológica profícua, o ensaísta regista que “cada vida humana traz consigo o impulso da criação e o desejo de salvação” e, de resto, “as pessoas precisam de poesia e mística para não enlouquecerem”. Cotejando, ao seu texto, palavras simples, mas preciosas como “quem sabe!” ou “talvez”, como que sussurra que “por vezes parece que uma palavra inicial, que ressoa como um sim cordial, continua a sustentar o mundo. Sem ela, nem a pedra nem a água permaneceriam” (no princípio era o Verbo).
O reencantamento, sempre um combate dada a ameaça permanente do sem sentido (a confiança adquire o contorno de apesar de, isto é, não ignorando que o mal e o sofrimento existem e sem obliterar algum grau de desespero – esperança contra toda a esperança), resiste ao “diletantismo académico, à cultura nihilista de baixo tom, à sonolência consumista, ao cientificismo convertido em ideologia e, sobretudo, a todas as formas de fundamentalismo e de totalitarismo” e, outrossim,  convoca uma escola e uma vida que saibam a importância de “não reduzir o mistério ou a admiração”; antevê-se no reconhecimento de que o mundo não se explica a si mesmo; faz uso de um exercício de compreensão que, por antonomásia, nota que na memória e na saudade dos mortos, o humano transcende os factos; ele é, então, metafísico e religioso por natureza (homo religious); constata que viver é fazer caminho (somos homo viator) - e caminhar cansa. Não obstante, “o gozo de viver é ainda mais radical” [do que o cansaço].
Fazer caminho enquanto forma de vida[4] é, aliás e radicalmente, uma verdadeira divisa: tal significa a sabedoria da recusa de uma posse idolátrica (do sentido, do divino)[5], de aceitar habitar a tensão[6], seguir e viver o desejo[7] (do sentido; “a sede é a única luz na noite”, João da Cruz), encontrar, também, sentido na demanda de sentido (“do sentido que procuramos e que, na verdade, já nos guia, temos uma pista, um vestígio: deve estar relacionado com o amor, deve ser uma espécie de doçura, de calidez, de abraço. Caso contrário, não o procuraríamos”), da certeza da fortaleza inscrita na fragilidade[8] (recusa de qualquer triunfalismo, completamente deslocado, neste âmbito – “o menor denominador comum do fundamentalismo religioso, do totalitarismo político e do monismo pseudo-filosófico é precisamente este: o encerramento. Procedem como se já tivessem tudo planeado, como se já estivessem no fim do caminho e pudessem afirmar com certeza e contundência, porque tudo lhes convém. Mas fecham falsamente. Os fundamentalistas religiosos de qualquer sinal exibem grande firmeza, ao mesmo tempo que declaram demagogicamente estar ao serviço do divino. A verdade é que se aproveitam dele e da sua falsa segurança transforma-se em dogmatismo, imposição e violência (…) todas as formas de fundamentalismo, apesar de possíveis aparências, são sempre frias, muito frias”), da noção de que “o ateísmo é uma verdade incompleta” (ou, como diria Halík, em Paciência com Deus, Paulinas, 2013, não é que os ateus não tenham razão; não têm é paciência. Para escutar a Realidade da realidade): “o cristianismo desmitologizado está essencialmente acompanhado pela comoção e pela intempérie. Somente na busca apaixonada e dramática acontece a proximidade do divino”.
 
1.Se autores como Anthony Burgess (tratamento Ludovico, em Laranja mecânica), Peter Singer (defesa de uma pilula da moralidade, em Ética no mundo real) ou Peter Sloterdijk (as antropotécnicas, em Regras para o parque humano) procuram domesticar o humano (formas de – “agora que a civilização da escrita parece condenada à obsolescência”, acrescenta Esquirol como que em paráfrase às cartas que já ninguém lê que Sloterdijk apontava enquanto fim do projecto do humanismo: “ler amansa a alma”), já o ângulo, a perspectiva, a clave filosófica, a da proximidade (por diferença, pois, aqui, com a clave do domínio), em que assenta Josep Maria Esquirol é diversa: a um “humano trespassado pelo infinito”, “a questão não é o que o poderá conter, mas o que é que o pode ajudar a responder”.

2.Não, não somos “pequenas lacunas, brechas de não ser” (Sartre); somos “pequenas verticais precárias, ligeiramente inclinadas, definidas sobre a horizontalidade da terra (…) [que] permanecemos de pé graças aos outros”. Movemo-nos e encontramo-nos trespassados, em rigor, por “quatro infinitos”: “a própria vida, a morte, o tu e o mundo”. Cada um destes elementos comove-nos e implica-nos na resposta. Esta pode adquirir, e desejavelmente adquirirá, as seguintes tonalidades: “poder ser obreiro de mundo (criando mais mundo no mundo), obreiro de vida (capaz de intensificar a vida), obreiro de fraternidade (capaz de criar mais vínculos com o tu) e obreiro de sentido (capaz de encontrar significado, criá-lo e esperá-lo)”.

3.Para a aquisição desta(s) forma(s) de vida em que consiste toda a educação/formação, o ir à escola e encontrar alguém que faça perceber cada um que é alguém e que é origem; prestar atenção e vislumbrar a profundidade do mundo; ser fonte e obreiro do mundo; apoiar os outros e não fazer mal; persistir e responder à revelação do mundo e da vida, no repouso (viver, caminhar, sofrer cansam e o repouso pode ser e é fecundo e gerador) e no testemunho (que remete para o que transcende o sujeito) seriam elementos estruturantes (do caminho para uma vida boa, reitera-se). Teríamos, assim, neste(s) caminho(s), uma verdadeira “escola da alma” – alma que é “a vida da vida”.

4.Somos seres situados, vinculados às coisas, aos lugares, aos outros (que são o primeiro lar; e a infinitude está no tu e não nas coisas). E há uma luz que emana de cada lugar. A escola é um desses lugares (com luz própria) – enclave onde acontece algo de diferente do espaço em volta - e que tem sentido (teatro, parlamento, hospital, igreja, lar, cemitério são exemplos, outros, de lugares). A inexistência de lugares, aliás, levar-nos-ia ao indiferenciado, ao homogéneo, o que seria asfixiante/deprimente. Como à filosofia nunca ninguém chega tarde (Epicuro), como o cultivo de si é tarefa de todas as idades, a escola da alma – onde existirá a resistência manifestada numa altertopia, na manutenção do umbral e do diverso quando do exterior a pretendem colonizar (por exemplo, quando se quer pré-cidadãos em crianças, expô-las em demasia, fazer delas e nelas as obsessões da sociedade adulta, quando aos petizes lhes convém, diversamente, a reserva, o aconchego, o recolhimento, a não exposição excessiva; por exemplo, e ainda, contrariar a ecranização do mundo e o fluxo contínuo dos dispositivos técnicos e das redes globais que fascinam e fixam, perdendo-se, potencialmente, a capacidade de práticas de subjectivação – a escola tem que conseguir desconectar, ter momentos em que desconecta; ou não reforçar o instinto de competição, porventura bom para atletas, mas não para pessoas livres de toda a barbárie); nas contundentes palavras de Adorno, as escolas “[n]a procura de adaptação [ao/do mundo] para si mesmas, têm de aplicar o realismo a si mesmas e identificar-se, para dizê-lo na linguagem de Freud, com o agressor. A crítica a este realismo sobrevalorizado parece-me ser uma das tarefas educativas mais decisivas”; e isto, acrescenta Esquirol, não com recurso a “um idealismo ingénuo, mas a partir da força de uma experiência que é ainda mais real do que o realismo supostamente prevalecente” [nem integrar-se no que domina, nem fugir para um reino idealizado] - terá configurações próprias para os que não são, já, crianças ou adolescentes. Lugar, este, ainda, a escola, onde, especificamente, se vai prestar atenção às coisas do mundo – não no seguimento contínuo de uma actualidade sem coordenadas, mas perscrutando um fio de permanência e no qual possamos não apenas centramo-nos, mas, libertando-nos do peso que trazemos connosco, daquilo que nos condiciona, epochê como parenteses que permite dar atenção a algo, deixando tudo o mais suspenso, condição de liberdade da sala de aula, descentrando-nos - onde se deve ensinar aquilo em que se crê, e no qual uma altercronia deverá, igualmente, afirmar-se: em vez da pressa, não propriamente a lentidão, mas o ter tempo. A necessidade do ter tempo – e de ensinar a ter tempo, a reservar tempo – essencial se se pretende não obliterar o(s) cuidado(s), presentes e futuros, com o outro. A escola ajudará cada um a decantar-se.

5.Cultivar uma outra forma de vida da que se encontra para lá do umbral (e, em simultâneo, naquele cultivo, recusar aproximações ideológicas que fecham, prontos-a-vestir que não questionam e enviam, igualmente, ao mesmo - sem realismo, idealismo, conservadorismo, progressismo portanto). Perguntar-se-ão os leitores como evitar a contaminação, mas a perspectiva ora ensaiada é, mesmo, a de um certo contágio, invertendo, porém, quem inocula o diferente: a escola deve acrescentar – o quesito da fecundidade para valer, para ter valor (próprio) -, pois que é possível “acrescentar mais mundo ao mundo” (ou se se preferir, auxiliar a emergência de um mundo mais fraterno do que aquele com o qual nos deparamos). Ser/repetir/promover a lógica, o mesmo que se encontra fora do umbral da escola significaria (esta) nada acrescentar ao que está. Neste sentido, a missão e ambição da escola (missão e ambição que, paradoxalmente, a sociedade fora do umbral escolar deveria ratificar, quando o que não raro sucede é, ao invés, pretender impor-lhe paradigma, imagem e semelhança de si), de acordo com Josep Maria Esquirol, não pode ser menos do que moldar a sociedade: “a escola não deve estar ao serviço da sociedade, mas moldá-la”. Uma das escolas, a Universalidade, aspira, por sua vez, à “universalidade a partir da marginalidade; como se o distanciamento fosse condição de possibilidade de investigação e estudo, de proposta transformadora e da transmissão do que é valioso (…) O sentido da universidade é o de um modo de vida”. Este consistiria em viver alguns anos em conjunto (a universitas, a comunidade de mestres e discípulos), na busca da verdade. Para que quando, na Universidade/busca da verdade, se entrasse, de lá nunca mais se saísse (a forma de vida gerada pela universidade, enquanto investigação/demanda permanentes pela verdade e sabedoria ficariam impressos na almaincluindo, bem se compreende, na daqueles que estivessem agora em outro umbral profissional distinto da universidade). Se isso parece, ao que atenta em tal enunciado, como estranho ou bizarro, então aí poderemos, justamente, observar, plasmado, o mal de que padecemos (enquanto comunidade).
Na “escola da alma”, importa educar pela liberdade contra o destino, a perspectiva contra a prospectiva. Na alterotopia não domina o economicismo – nem o seu vocabulário (clientes, créditos, competências, rendimento, recursos… “um dos achados de todo este cenário é o ‘espírito empreendedor’. Figuras ‘ilustres’ e instituições ‘prestigiosas’ afirmam que as crianças devem aprender a ser empreendedoras e líderes desde a infância. Que disparate! A perversão não consiste na ideia do empreendedorismo, mas em propor que ele tenha protagonismo na escola”). Provavelmente, quanto mais o economicismo predomina na escola (universidade) piores resultados médio e longo prazo para a economia. A escola e os mestres não devem levar as coisas aos alunos, mas os alunos até às coisas; não deve servir ou ir atrás dos interesses dos alunos, mas intensificar o seu interesse (o seu vínculo, dinamismo para) – o interessante que é o estudo, o intenso e fundamental que é a atenção[9] (e o estudo é uma modalidade da atenção; a atenção é a musculatura do espírito e prestar atenção resulta em mais atenção e, no fundo, a atenção espera, porque se dirige a algo que se escapa: “prestar atenção é fazer metafísica”), a concentração, o sorver do livro (quanto mais leitura, mais além), mas, ainda, os lugares, as coisas (a maravilha das coisas), o outro e o fundamento de tudo, o invisível que está para lá do visível (em linguagem teológica, Paul Tillich dizia que quem sabe da profundidade, sabe também de Deus; sendo que a profundidade do mundo não é uma coisa como as outras – e Deus não é um ente entre entes, não existe da mesma forma que existe esta mesa onde escrevo). Neste contexto, “quem ensina está ao serviço do mistério ontológico”. Paixão pelo mundo e amor pelos outros: toda a vocação docente se resume nesta fórmula. Docente que deve mostrar, não demonstrar nada. Toda a escola deve ser escola filosófica, pois sempre cultivará o deslumbramento. E a atenção – a aula é o ginásio do olhar sustentado; o ensino é uma forma de orientar o olhar - redundará, ainda, em perguntas e uma parte da resposta a estas será, ainda, manter a pergunta (a impossibilidade de compreensão é, já, uma compreensão; quanto ao fundamento de tudo, “se compreendes, não é Deus”, Santo Agostinho). Mas se uma pergunta não for vivida, não é pergunta.
O mundo devia ser um lugar de paz. Não o é. Por vezes, há, sim, manchas, círculos, ilhas de paz. Devia ser esse o caso da escola. Se nela, todavia, um débil, um frágil é ameaçado, então, aí, paz não há. Escola que é, não tão raramente assim, refúgio para crianças vítimas de violência doméstica. Para quem a luz especial deste lugar especial devia ser bênção, suporte e ocasião de muitas bênçãos. A bênção é um facto antropológico radical: desejamos e dizemos o bem. E desejar o bem faz bem. O amor não existe para conseguir nada, mas para responder ao dom recebido (em leitura teológica da amizade/do amigo, José Tolentino de Mendonça, em Nenhum caminho será longo [Paulinas, 2012] reafirma o amigo como aquele de quem gostamos e a quem queremos sem ser por nada, sem outra recompensa que não a da amizade, as coisas por vezes até atrapalham. Assim, também, a relação com Deus: “amar a Deus sem ser por nada. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia: «Ainda que não houvesse paraíso eu continuaria a amar DeusTemos de ultrapassar uma determinada concepção do cristianismo como máquina de fabricar castigos e recompensas. (…) Não apreciamos os nossos amigos apenas pelo que eles nos dão: podem vir de mãos vazias que os amamos na mesma. Para dizer a verdade, por vezes, as coisas, na amizade, só atrapalham. A nossa relação com Deus também passa pelas mãos vazias, onde o fundamental é o encontro, aquilo que, misteriosa e gratuitamente, se comunica de coração a coração”). De resto, realizar o bem não é apenas resultado do bom juízo, mas também da paixão. Na escola, há palavras inaudíveis do professor ao aluno – estás só, mas o mundo vale a pena – e dos companheiros entre si – não me deixes só, faz-me companhia.

6. A escola deve aproximar-nos, igualmente, da beleza. É que a beleza está perto da experiência humana fundamental (“o facto de existir um mundo e o de ele se nos mostrar é uma maravilha que nos admira e surpreende. Pode ser chamada experiência ontológica. Vejam: as coisas são. A maravilha é que elas sejam. Que sejam! Este verbo não é algo. Qual é o significado desse verbo? Onde repousa? (…). Há beleza nas coisas. Há beleza no mundo (…) E há beleza em que sejam”. O eterno sim do mundo, como diria Schelling. Sim primordial do mundo: «Sim, que bom…» É também um sim de alegria. Porque a alegria, como observou Simone Weil, é o «sentimento da realidade»” (nas palavras do teólogo Tomás Halík, "se existe um fundamento primordial de uma atitude religiosa frente à vida, não são as noções acerca de Deus ou dos deuses, mas uma consciência profundamente experimentada de que a vida é um dom (...) Não basta reconhecer teoricamente que a vida é um dom, há que experimentá-lo profundamente. Como é óbvio, essa «experiência profunda» não precisa de tomar a forma de um encontro místico excepcional; é mais uma questão de «misticismo quotidiano»: com cada ato e experiência da própria vida descobrimos essa realidade e sentimo-nos gratos por ela. Se alguém tem essa experiência e sente relutância em conversar acerca de Deus em relação a ela - preferindo falar acerca da gratidão para com a própria vida ou para com a natureza -, de um modo geral isso significa, pura e simplesmente, que o seu conceito pessoal de Deus é demasiado estrito para abranger essa experiência, e essa pessoa está a utilizar conceitos, tais como a vida e a natureza, como «pseudónimos de Deus». Contudo, porque havemos de deificar a vida e a natureza de forma mitológica, quando há uma palavra que caracteriza, precisamente, aquilo que inclui a natureza e a vida, mas que também as transcende de modo infinito? Porque havemos de deificar algo que não é Deus? Porque havemos de apresentar o condicional como incondicional? Porque havemos de absolutizar os fenómenos da vida quando temos uma palavra que indica o próprio Absoluto, o Absoluto que permite que tudo o que não é absoluto seja prática e realisticamente relativizado? Costumo usar pouco a palavra «Deus»; com ela refiro-me apenas a esse mistério supremo, ao Desconhecido que brilha através da vida tal como nós a conhecemos" (Quero que tu sejas!, Paulinas, 2016).
Do mesmo modo, contudo, obrigatório é reconhecer a existência do mal e do sofrimento no mundo e, em particular, nos humanos que o habitam: “não existe nenhuma justificação ou lenitivo para a morte prematura, para a miséria ou para a violência sofrida. Tudo isso é o ápice do absurdo, da escuridão mais negra. A morte pode ocorrer depois de uma vida pessoal longa e rica, ou pode chegar para ceifar prematuramente a vida de uma criança; ou pode ocorrer drasticamente em guerras, epidemias, catástrofes. A tortura do inocente, a exploração, a injustiça…são acontecimentos em que o mal aparece em toda a sua crueza”. Se o mundo não é um vale de lágrimas, há vale de lágrimas no mundo. Não há como escamotear: “existem dias sombrios e abissais no mundo. Há dias no mundo em que as ameaças se tornam realidade. A vida está ameaçada pela morte. O sentido, pelo sem sentido. A bondade, pela maldade. As coisas, pela decadência. A graça, pela desgraça. A paz, pela guerra. A saúde pela doença. A alegria pela desolação. A luz pela escuridão”…Então, consciente ou inconscientemente, oramos para que o mal não triunfe e desejamos que não possua a última palavra – uma justiça final urge. Não nos encontramos, porém, em âmbito contemplativo no combate ao mal; ele adquire, antes, o contorno do cuidado médicocura, faz companhia, protege, resiste. Sacrifica-se, até (e nesse sacrifício somos remetidos para algo para lá do mal). No dizer de Celan, “quem deixa de combater o mal evidente, perde a protecção do invisível”.
 
7.Por vezes, talvez de modo precipitado, tendemos a considerar em declínio o conjunto de vidas inspiradas pela ordem filosófica do amor, por uma vida espiritual afim. E isto, porventura, porque, em larga medida, estivemos habituados - e podemos continuar convencidos, como nos encontramos aliás, da pertinência e da seriedade/necessidade – de um vínculo institucional neste contexto. Ora, esta mediação é que tem sido erodida – “tudo isto poderia levar a um diagnóstico bastante sombrio da espiritualidade no Ocidente. Contudo, deduzir um juízo nesse sentido seria precipitado. Devemos ser prudentes e reconhecer que a maturidade humana pode ter e tem expressões muito diferentes e discretas. Acabamos precisamente de caracterizar esta maturidade ou vida espiritual (…) que, felizmente, se veem refletidos em vidas humanas de todo o mundo, e para as quais o grau de mediação institucional pode ser mínimo ou mesmo inexistente”.
Ora, “sentir-se vinculado ao significado daquilo que nos ultrapassa muda tudo”: “a vida espiritual é uma vida comprometida: que responde, que gera sentido. Mas é, ao mesmo tempo e necessariamente uma vida esperançosa. Dramaticamente esperançosa. Quem realmente pensa deseja. Deseja o quê? Que o sem-sentidoo absurdo, a injustiça, a escuridãonão tenha a última palavra, que a última palavra não seja a antipalavra. (…) Max Horkheimer [em entrevista] publicada em 1970 na revista Der Spiegel, com o título perturbador: ‘O que chamamos ‘sentido’ desaparecerá’. O desejo de sentido – ‘o desejo pelo totalmente Outro’, também nos termos de Horkheimer – não se apoia numa certeza objectiva. Sustém-se no pensamento, na vida. A vida pede sentido. O pensamento pede sentido. A vida madura é uma luta pelo sentido: encontra sentido no mundo, gera sentido no mundo e espera por mais sentido”.
No entender do filósofo Josep Maria Esquirol, o sentido da vida é a grande demanda da Filosofia. Disciplina que se é amor do conhecimento, não é menos do que conhecimento do Amor (de resto, procuro entender para crer, creio para compreender). E o amor busca o amor (quando procurávamos o amor já tínhamos sido achados pelo amor; o amor com o qual amas Deus e a procura com a qual procuras são o amor e a procura com os quais Deus te procura e ama, Santo Agostinho)[10]. E “a interioridade não é um lugar recôndito em mim, mas o lugar onde o infinito me afeta e me convoca com minha própria voz” (Deus é mais íntimo que o meu próprio íntimo – Santo Agostinho; a Deus e ao Eu poderia aplicar-se o que se disse no Concílio de Calcedónia, “sem confusão nem distinção”, no registo de Halík explicando Mestre Eckhart quando dizia que “Deus e eu somos um só”).
Falar de escola – incluindo em uma dimensão de formação integral, como “escola da alma” – significará, necessariamente, remetermo-nos, reforcemos, à demanda da clareza, sem desvanecimentos (e sem acédia): “em 1935 e em plena ascensão do nazismo, o velho Husserl deu uma conferência em Viena seguindo o espírito socrático e explicou solenemente que o grande perigo da Europa residia no cansaço e no abandono do esforço da reflexão e da claridade diante da escuridão e da barbárie” (Ratzinger falaria de “cansaço da fé”, e aqui poderíamos regressar ao tópico da “crise de cultura como questão de fé” [fé em sentido abrangente, falta de confiança no próprio ideal de claridade] e do problema do nihilismo como última palavra do Ocidente). E, sendo que ao professor está cometido o privilégio de “partilhar com os outros o fruto do seu estudo”, ele compreenderá que quanto mais próximo, mais essencial (a mística do instante). Mais, verdade maior, o mestre tem a sorte de encontrar na escola pessoas cuja bondade lhe permite transitar pelos dias abissais (testemunho de Josep Maria Esquirol que sufrago profundamente): “tive ainda um privilégio maior. O de testemunhar a incrível bondade de certas pessoas. Elas deram-me o sentido e a força para resistir a todas as investidas do absurdo”. A bondade como forma superior, a forma maior de inteligência (bondade e inteligência entendidos, assim, não como dois âmbitos separados). Encontro entre duas pessoas: quando uma alma toca outra alma, o encontro é sem porquê (como a rosa, do poema recitado mais de uma vez ao ano no enclave). O porquê do encontro é a graça. Agradecemos, na escola como na vida, sobretudo, a gratuitidade. A graça é o excesso de azul no céu azul.

 

Pedro Miranda



[1] Tomás Halík sonha com um Papa que seja um guia espiritual para a humanidade toda, com uma Igreja não autorreferencial e que não transforme um encontro pessoal em mera ideologia, seja «tudo para todos», sem se transformar num vago humanismo, mas que aceite a experiência, as interrogações, respostas que alarguem a capacidade de identificar Cristo, mesmo onde Ele está sob uma forma implícita e anónima. O Papara Rafael, com que Halík sonha, “não é somente o líder da Igreja Católica, mas também um guia espiritual, um mistagogo, pastor e servidor de todos aqueles que estão espiritualmente abertos, sedentos e à procura – estejam eles já no interior da comunidade religiosa ou além das suas fronteiras visíveis (…) Entendo-o como um guia e um irmão também daqueles para os quais Deus se mantém anónimo, escondido, e que o servem procurando a verdade e fazendo o bem segundo a sua consciência”. O teólogo checo reconhece que “os meios tradicionais de expressão religiosa – as palavras, os rituais, as instituições – são um espaço demasiado estreito para a dinâmica da vida espiritual dos nossos tempos. Demasiado estereotipada, pouco compreensível e insuficientemente convincente, a oferta das instituições religiosas não vai de encontro às reais aspirações espirituais e aos desejos, às questões reais e às necessidades das pessoas dos nossos tempos (…) A resposta à questão de quem é «crente» e quem é «não crente» é muito mais complicada do que parece à primeira vista. A relação entre a religiosidade explícita (convicção expressada em palavras, rituais e na pertença a instituições religiosas) e a implícita, existencial, muitas vezes inconsciente, crença ou descrença (naquilo que assume o papel de Deus para uma pessoa concreta e na imagem de Deus que se encontra nas profundezas do seu inconsciente e influencia o seu comportamento) é ainda uma área pouco explorada. No panorama espiritual atual, encontramo-nos ainda mais frequentemente com a «crença dos não-crentes» e a «descrença dos crentes»”. Na Igreja que, assim, neste sonho de Halík, se fará “tudo para todos”, e no levar Cristo ao mundo (inteiro), Igreja não voltada para dentro, mas ao serviço de todos, em uma forma de expressão religiosa que não é ideológica, mas radica no encontro com a fonte da vida (e vida em abundância), terá, contudo, de acautelar uma identidade significativa: “o Cristianismo não pode dissolver a sua identidade e tornar-se numa espécie de humanismo que tudo abraça”, O sonho de uma nova manhã. Cartas ao Papa, Paulinas, 2024, pp.8-10 e 22.

[2] “Não é o caminho que nos falta. O que nos falta é a viagem”, Mia Couto, Compêndio para desenterrar nuvens, Caminho, 2024, p.92. E “não há viagem sem tempestades”, José Tolentino de Mendonça, A vida em nós, Quetzal, 2024, p.18.

[3] “A nossa Igreja Católica – e isso certamente não é apenas verdade para ela – tem-se preocupado sobretudo, durante séculos, com a ortodoxia, com a doutrina correcta e com o modo como o seu trabalho pastoral conduziria à ortopraxia – a conduta moral, a observância das regras morais. Celebrou Deus com a sua liturgia e uniu os crentes. Parece-me, no entanto, que o mais profundo permaneceu um tanto na sombra, ou seja, a preocupação com a ortopatia, o pathos, com a sua paixão da fé, a sua seiva vital. Essa é a dimensão espiritual da religião, a vida espiritual, a experiência espiritual. Quando seca essa seiva da fé, a doutrina transforma-se em ideologia e a ética em moralização vazia”, Tomás Halík, o.c., p.78.

[4] “Não só aqueles fora da comunidade da fé, mas também muitos cristãos actuais, romperam com o pensamento metafísico pré-moderno e com a sua imagem do mundo. Deixaram de compreender Deus, a sua presença e a sua atividade na história de forma heterónoma, como meras intervenções vindas de fora. O Deus da Bíblia não é, de facto, um deus ex machina, mas habita e age no meio do seu povo. O Deus de que fala a Bíblia não é uma causa primeira, inamovível, que reside algures para além do mundo da mudança histórica, mas sim um Deus que se insere no processo histórico e que, através do seu Espírito, constantemente o anima e transforma (…) O Espírito Criador (Spiritus Creator) é o sopro, a vida, a dinâmica de todo o processo permanente de Criação. A Bíblia menciona o papel do Espírito no início da Criação na criação do universo e na criação do homem. A teologia tradicional ensina que Deus está presente em todas as coisas que existem, na sua própria qualidade de Ser. Eu acrescentaria que, naqueles que vivem e evoluem, Deus é a evolução. A presença de Deus não é estática, mas dinâmica, é um processo. Esse entendimento de Deus é o ponto de partida para um entendimento processual do fenómeno do Cristianismo: o Cristianismo vivo está sempre em movimento”, Tomás Halík, o.c., p.56.

[5] “O Beato Pierre Claverie, bispo na Argélia (…), mártir da amizade e do diálogo com os nossos irmãos muçulmanos, gostava de repetir: «Sou um crente, acredito que Deus existe. Mas não pretendo possui-lo, nem através de Jesus, que mo revela, nem através dos dogmas da minha fé. Não se possui Deus. Não se possui a verdade» (…) O Cristianismo sempre se fez próximo de quem se questiona, porque – estou convencido – Deus ama perguntas, ama-as verdadeiramente. Penso que Ele gosta mais de perguntas do que respostas. Porque as respostas são fechadas, as perguntas permanecem abertas”, Papa Francisco, “Introdução” a “Perguntas de Deus, perguntas a Deus”, de Timothy Radcliffe e Lukasz Popko, Paulinas, 2024, pp.11-12.

[6] “Torna-se-me claríssimo que encontrar Deus é procurá-lo, e que ser feliz é desejá-lo”, Mário Cláudio, Diário Incontínuo, D.Quixote, 2024, p.434.

[7] “E está Deus com quem o deseja, deseja-o quem com Ele está”, Mário Cláudio, Ibidem, p.137.

[8] “O amor não nos reclama força, antes espera de nós uma fraqueza ainda maior do que aquela que já transportamos em nós”, José Tolentino de Mendonça, o.c., p.14.

[9] “Um padre do deserto dizia que o principal pecado é a distracção”, José Tolentino de Mendonça, o.c., p.28.

[10] “O amor humano é o espaço em que Deus habita sempre, mesmo quando não é reconhecido, nomeado ou explicitamente invocado”, Tomás Halík, o.c., p.134.





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