NA MARGEM (RAFAEL CHIRBES)
Na Margem A meio de Agosto, morreu Rafael Chirbes , por muitos considerado um dos maiores escritores europeus na actualidade, autor do muito estimável Na margem , dito maior romance publicado até agora sobre a crise dos últimos sete anos, foi prémio narrativa 2013, em Espanha. Com tradução do vilarealense Rui Pires Cabral , e a chancela da Assírio e Alvim , foi, para mim, uma excelente companhia estival. Com efeito, um dos prazeres deste Verão foi ler a sua escrita despudorada, carnal, sem contemplações, corrosiva, de um sarcasmo capaz de nos interpretar sem complacência. Conseguindo captar a coloquialidade, na sua forma mais bruta e nua, com a força que essa autenticidade carrega, mais desveladora de um modo de pensar e sentir (de um personagem, de um olhar sobre o mundo) do que uma purga eventual de interjeições politicamente incorrectas (inscrevendo-se nessa tradição, portanto), ao mesmo tempo que o artifício literário (“ dizer o homem é inocente é um oximoro” ), a capacidade de