PROFESSOR JOÃO MANUEL DUQUE, PRÉMIO ÁRVORE DA VIDA
O
que diz, e o modo como diz, é tão importante que, mesmo em tempo letivo,
viajamos para o ouvir de novo, as aulas estimulam, e nunca exaurem, o interesse
pelo que transmite e encontramo-lo, e sugerimos a sua escuta e leitura, numa
noite do Centro Católico do Porto (“ajuda-me a pensar”, dirá, então, do
convidado, Joaquim Azevedo). A viagem pode ser, depois, digital, há, por
exemplo, uma conferência – a rever no Youtube - numa universidade brasileira,
repleta de um entusiasmo que traz consigo no regresso, e onde continuará a perscrutar
e interpretar a cultura digital (ali tão intensamente dissecada), detectando,
nela, o que só a densidade e originalidade com (e do) que pensa é capaz de
discernir. Sim, sem dúvida, ajuda-nos a ler o mundo (e até a ter que repensar,
com a sua exigência, cada palavra de cada frase a dizer), de tal modo marcante
na verdade que as aulas contêm, na honestidade intelectual e democraticidade
das mesmas, no respeito do modo de crer e na valorização e articulação dos
diferentes contributos, na forma paciente e nunca diminuidora do outro, de
corrigir e, finalmente, na capacidade de passar a fímbria de uma porta estreita
e extática que, despida de seguranças e armaduras sem lugar num permanente exercício
de uma lucidez reveladora, tornam tão pertinente essa aposta de que faz, e
interpela (a), vida.
O
Auditório onde esta noite será, muito justamente, agraciado, está repleto, o
cartaz anuncia um diálogo “crente-não crente” (categorias que sempre
problematizará) e, observando a plateia “muito lá de casa”, a primeira palavra
(que tem) é para desligar o “aplaudómetro” que facilmente conquistaria aos que
se aproximariam no modo de ler a realidade (em que se integra de modo próprio),
recentrando e tornando a temperatura aclimatada a uma troca em que,
sinceramente, crê, não só acolhendo o outro com a devida hospitalidade,
abdicando de uma efémera efervescência emocional (em torno de si e do que
diria), como ensinando, com razão prática, uma ética de humildade quando caso
disso (evocaria, em outros momentos, face a uma certa leveza de aproximação à
vida, a força dos que visitam crianças com problemas oncológicos, ou exortaria
o convívio, concertação, com membros da comunidade que pudessem tornar a
palavra mais e melhor audível, sem vaidades de exposição, aos futuros ministros
da mesma). Disponível para continuar diálogos após qualquer campainha ou
relógio darem de si, admirado por uma inteira comunidade (e em mais do que um
ofício), proporcionador de um contentamento tanto intelectual como espiritual,
permanece, diariamente, em elaborações que realizou e que trazemos de cor (um
saber de coração) como um devotado, porque muito meditado, rosário; excepcional
e brilhante.
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