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A mostrar mensagens de janeiro, 2024

ÉTICA E CIÊNCIA. MARIA DO CÉU PATRÃO NEVES

Que relações, hoje, entre a Ética e a Ciência? Maria do Céu Patrão Neves Em uma época em que uma inusitada pandemia desafiou muitas coordenadas que tínhamos por certas, e em que, entre diversas perplexidades com que somos confrontados por estes dias, parece podermos assistir, em tempo real, à criação de uma vacina (para a covid-19), com os recordes de gestação deste instrumento de combate ao (corona) vírus a serem completamente pulverizados (com o entusiasmo, e simultâneo receio, que tal facto suscita), as relações entre ciência e ética readquirem especial centralidade no nosso espaço público. Na revisitação desta problemática, “O Admirável horizonte da bioética” ( FLAD , 2016), da Professora Maria do Céu Patrão Neves , é um manual que merece séria consideração. 1. Quando sopesamos modalidades possíveis de relação da Ética face à Ciência, impõe-se-nos, fundamentalmente, três horizontes de possibilidades, a que correspondem graus de desejabilidade de concretização, daquele liame, be

O CREPÚSCULO DA DEMOCRACIA? ANNE APPLEBAUM

  O crepúsculo da democracia? Anne Applebaum 1. Na biblioteca, cada vez mais numerosa, sobre a emergência de democracias iliberais durante a última década, em diferentes zonas do globo, O crepúsculo da democracia , de Anne Applebaum, historiadora, premiada, do Gulag, politóloga, académica na London School of Economics Institute of Global Affairs e colunista em algumas das mais prestigiadas publicações internacionais (do Washington Post à The Atlantic ), cidadã ideologicamente filiada em uma direita liberal clássica (de feição thatcherista ), procura dar o seu específico contributo para o esclarecimento das condições sob as quais é possível a democracia perecer (em um dado país). 2. Por muito que uma realidade seja intelectualmente consabida por um sujeito (ou por um povo), há circunstâncias históricas que a tornam como que palpável (sentida, compreendida na integralidade), obrigando a um re-conhecimento (outro), impossibilitando qualquer estado de negação (ou letargia/apatia) e i

A QUEDA DO OCIDENTE. KISHORE MAHBUBANI

  A queda do Ocidente. Kishore Mahbubani Uma longa lista de literatura “decadentista” acerca do Ocidente permeia os escaparates (“a decadência”, “a queda”, “o ocaso”, “o fim” do Ocidente são títulos muito recorrentes em capas de livros), ao longo dos últimos 15 anos, embora participando de uma tradição bem mais antiga, como vem recenseando José Pedro Teixeira Fernandes . Todavia, em “A queda do Ocidente. Uma provocação” ( Bertrand , 2018) o olhar, diversamente de muitos outros ensaios desta natureza e temática, é de um não ocidental, Kishore Mahbubani , com vasta experiência do mundo diplomático e académico, fornecendo um acervo de dados (estatísticos), concatenação de elementos histórico-políticos e culturais disruptivos do mundo não-ocidental (que o Ocidente não teria compreendido), propostas de mudança que o tornou particularmente lido e discutido, nos anos mais recentes, pelas elites ocidentais.   1. Kishore Mahbubani, Professor de Políticas Públicas Aplicadas da Universidade

A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (E A ESCOLA). JEREMY RIFKIN

  A terceira revolução industrial (e a escola). Jeremy Rifkin   Em vários países, tem vindo a ser adoptado, ao nível curricular, nas escolas, nos ensinos secundário e universitário, algo que nasceu nos Estados Unidos da América há cerca de 25 anos – a aprendizagem em serviço comunitário . Isto é, para que a formação de um jovem fique completa(da), exige-se-lhe que se voluntarie, em organizações sem fins lucrativos, da sua zona habitacional, e em iniciativas da comunidade concebidas para ajudar os que mais necessitam e contribua, desta forma, para melhorar o bem-estar da comunidade em que essas pessoas vivem. Na última geração, segundo o Ministério da Educação norte-americano, quatro em cada cinco jovens estiveram envolvidos em serviço comunitário, enquanto frequentavam o ensino secundário. Os ganhos de sensibilidade empática, de amadurecimento pessoal, da capacidade de cada um discernir o mais importante na vida têm sido documentados por diferentes estudos. Para o caso português, abon

OS HOMENS-FORTES, OU UMA HISTÓRIA DO NOSSO TEMPO. GIDEON RACHMAN

  Os homens-fortes – contextos, percursos, biografia, métodos, perfis -, ou uma história do nosso tempo.  Gideon Rachman   1. Se a concretização dos populismos e da era do homem-forte , as mutações de signo iliberal e o adensar de forças autocratas (pelo mundo), em cada (específico) país em que tais realidades políticas opera(ra)m, implica reconhecer a importância que cada dada liderança (aí) assumiu, então é mister adentrarmo-nos nas concretas circunstâncias, de emergência no proscénio da história, de homens como Narendra Modi , Rodrigo Duterte , Recep Tayyip Erdogan , Viktor Orbán , Vladimir Putin , Xi Jinping , Boris Johnson , Donald Trump , Mohammed bin Salman , J aroslaw Kaczynski , Jair Bolsonaro , Andrés Manuel López Obrador , Benjamin Netanyahu , Abiy Ahmed . Prémio Orwell para escrita política, editor de política internacional do Financial Times , antigo correspondente em Washington, Bruxelas e Banguecoque da The Economist , Gideon Rachman preparou um conjunto de fichas,