TERRA DE FRONTEIRA

  

1.Nas trincheiras, entre arame farpado e lama, as palavras soarão a palavreado; enxutas, curtidas, rentes ao osso, de lá saem, ainda, para nos tocar. Como as de Giuseppe Ungaretti, 26 anos em 1916, voluntário na infantaria italiana, caderno de apontamentos, a meio da Primeira Guerra Mundial, por um fio (como os que por ali pairam, no arame, em nossos dias):

Si sta come
d’autunno
sugli alberi
le fogli

[Estamos como
no Outono
as folhas
nas árvores]

2.Um dos aspectos que não tem merecido a pública atenção e visibilidade no contexto da guerra de agressão à Ucrânia: os milhões de mulheres obrigadas a fugir da sua terra natal e que, no exterior, encontraram, já, novos companheiros, parelhas afectivas outras. A guerra faz em fanicos os amores, os amantes.

3.Há, ainda, um outro lado viscoso na guerra, que se pega aos que viram as suas terras, casas, hospitais, escolas, igrejas, famílias bombardeadas, assaltadas, vilipendiadas. Em procurando conservar a vida, subtraindo-se ao país de origem, em decisão, por certo, em múltiplos casos, dilacerada, a consciência culpada de terem procurado abrigo além-fronteiras (não lutando e militando, pois, ao lado dos seus, incumprindo, inclusive, no caso dos homens, a lei, supondo-se [a si mesmos] fracos, desertores, cobardes, desleais [?]). Até aí chega a longa-mão dos perpetradores da ignomínia.

4.A palavra “representantes” pode, noutras latitudes e contextos, ter-se obscurecido, obnubilado, perdido a fortíssima carga moral que nela há em potência; o vocábulo “representante” não contém, então, aí, seguramente, a força explosiva, a carga dramática que possui na Ucrânia (sob a sola da barbárie russa). Todavia, em lugares como Kramatorsk, Lviv e tantos outros cujos nomes passámos a (re)conhecer nos últimos três anos e meio (Leópolis é Lviv para os ucranianos, Lemberik para os judeus, Lemberg para os alemães, Lwow para os polacos, Lvov para os russos), presidente de câmara é expressão primeira e primária do resgate de uma comunidade - que nele encontra um esteio, uma bandeira, o último reduto antes do franqueio do fogo. Ser alcaide, na Ucrânia alvo de Putin, é um dos exercícios mais perigosos a que alguém se pode ater. Os autarcas são dos primeiros alvos da bruta soldadesca - que visa derrotá-los, torturá-los, matá-los e, com eles e neles, derrubar e destruir uma comunidade. Têm sido assassinados, torturados (nomeadamente, com electrochoques), humilhados às dezenas presidentes de câmara na Ucrânia. Vénia à sua dádiva.

5.Durante a guerra na Ucrânia, a resistência cultural não deixa de impressionar. Há jovens, um par de pouco mais de vinte anos por exemplo, a criar novas editoras, a descobrirem autores, das mais diversas proveniências mundiais, para publicar, Kiev, que conta com 3 milhões de habitantes pese o conflito bélico, realiza a Feira do Livro em pleno movimento de mísseis a abater-se sobre o seu território, há peças de teatro, quanto mais próxima a morte também, porventura, mais intensa a vontade de devorar (carpe diem) o que há na vida que a intensifica (e, aqui, a arte), que se atiram, em sarcasmo, ao cínico de Moscovo, que depois da tolerância ensaiada, durante anos, de costumes quis converter-se na marca da pureza da moral contra a Gayropa como lhe chama, proibindo, punindo com os códigos legais, mãos dadas na rua ou beijos trocados entre pessoas do mesmo sexo (ou, até, referências tais em poemas ou romances), enquanto manda matar centenas de milhares de ucranianos (e obriga a que outras centenas de milhares, do seu lado, pereçam também), quantas vezes pai e mãe sucessivamente, sequestrando, de seguida, os filhos, levando-os para a Rússia, não raro mercadejando a adopção.


6.No livro “Agora e na hora” (Alfaguara, Barcelona, 2025), o prestigiado escritor colombiano Héctor Abad Faciolince narra a odisseia trágica da visita que, em meados de 2023, aos 65 anos, na sequência da sua ida à Feira do Livro em Kiev, realizou, a contragosto, à linha da frente, em Kramatorsk, para testemunhar e documentar a galeria de horrores russa, acabando por jantar em uma pizzaria [Ria Pizza, 19h28, 27 de Junho, terça-feira] atingida por um míssil com 600 kg de explosivos no preciso momento em que ali se saciava, morrendo, aliás, na mesa em que se encontrava, uma das suas companheiras de viagem, ficando, aquele, por sua vez, ensanguentado e em estado zombie, mexendo os lábios de onde o som se apartara, porém. Conduzido a uma espécie de hospital quartel-general onde não se falava inglês, e muito menos, em um primeiro instante, se compreendendo castelhano, percebe que se salva por pouco, e um tanto fruto do acaso, de ser considerado espião inimigo (pelos anfitriões e falsos médicos ucranianos). Homem cuja religião de dia é a leitura, Bach à noite, mais de liberdade do que de igualdade, mais de Adam Smith do que de Marx, Faciolince oferece uma crónica existencial sem pudores, abrindo a caixa negra do medo, do escapismo, da falência dos sentidos (desde há muito julgara estar a morrer aos pedaços: o olfacto abandonara-o e com ele o palato, a audição em boas condições escapara e em intimidades outras nem entra), da quebra do corpo, do egoísmo, da (putativa) cobardia, da família, da amizade. O colombiano combina, neste livro cujo título vai beber ao Ave Maria que reza num avião com um conselheiro de estado colombiano de primeiro nível (e mesmo que em Deus diga não crer, permite, todavia, a ambiguidade suficiente quanto ao espanto em se encontrar vivo depois do míssil; o estupor, a incredulidade, a “superstição de que em outro universo teria morrido”), a escrita com fotografias das localidades ucranianas que atravessa, das pessoas com quem galga quilómetros (a caminho do apocalipse), dos rostos que mostram momentâneos receios, ansiedades e coragem ainda, das escolas, teatros, pontes ou capelas destroçados, de adolescentes gémeas, de 14 anos, Juliya e Anna Aksenchenko, sorridentes e cheias de futuro e que dali a nada viriam a ser assassinadas, deixando os pais órfãos – “observei muitas vezes, nas pessoas gémeas, o seu terno e infrutuoso esforço por serem diferentes, ainda que sejam iguais. Uma das crianças penteia o cabelo para cima, com uma laca que procurar levantá-lo até ao céu; a outra, pelo contrário, penteia-o diretamente para o chão (…). Ambas o fazem como uma advertência aos demais de que as não confundam, de que sendo Anna não me chamem Juliya, de que sendo Juliya não me digam Anna. Nessa união tão íntima que é vir ao mundo com um clone, é natural que ambas queiram separar os seus destinos e buscar uma identidade própria. Roupa distinta, sorriso diferente, ainda que hajam passado boa parte da vida olhando-se ao espelho da outra. O seu destino, em todo o caso, confundiu-as tanto no nascimento como na morte. Poucos dias depois, leio que as enterraram em dois ataúdes iguais, uma ao lado da outra, e ambas ataviadas da mesma maneira, com vestidos brancos de noiva, como costuma acontecer no campo, na Ucrânia, quando uma adolescente morre donzela”.
Faciolince sabe que é vergonhoso dizê-lo, mas ele ama de tal modo a vida que não consegue afirmar como verdade que preferia morrer já, em vez dos seus filhos – “sei que o senhor Aksenchenko [pai de Anna e Juliya] tem muito claro que trocaria de imediato o seu destino pelo delas. Sei que ele preferia estar morto e que as suas filhas vivessem. Eu, que me fiz, uma e outra vez, a mesma pergunta não o tenho tão claro e não tenho o direito a ser hipócrita. Não sou capaz de dar essa resposta óbvia desse pai trágico. Sei que é muito injusto, sei que é feio dizê-lo e até pensá-lo, mas, apesar da minha idade, todavia domina-me a egoísta vontade de viver” -; e, no entanto, o preâmbulo sensivelmente sacana, vindo de observar, serve mais para a reflexão sobre a vida que vale a pena viver do que para torpedear, bem ao invés, o valor da descendência: se os seus filhos morressem à sua frente, como aconteceu miseravelmente a Aksenchenko, ele, Faciolince, não quereria continuar a viver; e não queria, porque a vida não é tanto, nem sobretudo, a conservação, mesmo imperfeita, dos sentidos quanto a imersão no que mais nela nos incrusta – e os filhos de modo intenso entre o(s) que mais amamos (“As ganas de viver não têm nada que ver com a experiência de si mesmo ou do simples facto de conservar os sentidos. As ganas de viver são para continuar a ver e a viver o que amamos. Quanto tempo pode durar a euforia de ter sobrevivido ao campo de concentração se, quando sais, ficas a saber que a tua família morreu noutro campo? Talvez estejas vivo, sim, mas já afastado para sempre da vida”).

7.Ao altruísmo de ceder os direitos de autor ao mais baixo dos custos (à novel editora ucraniana); à solidariedade, dentro do que o seu oficio lhe permite, de ir a Kiev, em plena guerra, à Feira do Livro; à anuência, final, insistência de interlocutores sem contemplações com o homem de bibliotecas e academia, de prolongar a estadia ucraniana e, sobretudo, de rumar até (próximo da) linha da frente, no limite da temeridade, sucede o confronto com a família que lhe cobra o quase tê-la deixado sem pai, sem marido, sem amparo de vária sorte. A filha de Faciolince escreve-lhe uma dura carta, a ida a Kiev fora pura vaidade; o filho, talvez vaidade não, mas opção egoísta, seguramente foi. Talvez tenham tido, ambos os filhos, um sentimento de raiva que se apodera de alguns face a um acto suicida de um ente próximo. A visão poliédrica que a mesma decisão – ir a um país em guerra – pode provocar sobre e na mesma pessoa, a tensão entre o homem público e o homem privado (“A morte? A morte, a família, a dor, as ameaças? A quem importam essas coisas triviais, tanto sentimentalismo de telenovela, quando uma pessoa está convencida de que numa causa destas joga-se o futuro de um país, o futuro do mundo?”, registaria sobre a posição de Sérgio Jaramillo, colega de jornada, cultíssimo e incansável homem de Estado, que cozinhou o fim do conflito com as FARC, paleólogo que todos os Verões demanda a uma ilha grega para ajudar monges ortodoxos com manuscritos antigos que os religiosos não conseguem decifrar), a impossibilidade de uma sentença definitiva na apropriação do significado e motivações de uma viagem (“são muito obscuros e retorcidos os abismos do coração humano”) captadas, aqui, com particular acuidade por uma voz que agora rejeita, em definitivo, morrer mesmo por uma causa maior, não regressará, jura, a um campo minado, e sem embargo a ida ao Donbass, “inútil e absurda, de um modo secreto também repleta de sentido e necessária (…) por respeito a mim mesmo, para não me sentir desprezível ao ficar sentado, mudo e sem fazer nada contra o que me indigna ou a favor do que é, para todo o ser consciente e responsável, obrigatório”, capaz, como já vemos, de se adentrar no necessariamente complexo, escrevo para não morrer e para entender e merecer a morte. Para aprender a morrer, como dizia Montaigne: “Suponho que é mais fácil fazer o retrato de alguém de quem não conheces do que o de alguém de quem conheces muito, ou, pelo menos, crês conhecer bastante. É isso que explica que o retrato mais difícil de fazer seja o de si próprio: quando nos conhecemos, conhecemo-nos tanto que tudo é incompleto e qualquer coisa que se diga acaba por ser uma máscara, um enredo, uma simulação ou uma dissimulação; quanto mais a fundo te olhas, mais complexo te vês e mais contraditório, até que a figura é um abismo de características e arranhões tão confusos que se tornam um mamarracho irreconhecível, um monte de manchas sobrepostas de onde desaparece a figura e aparece a desordem, os rasurados, os rascunhos. Uma pessoa acaba por deixar de compreender-se e resulta impossível definirmo-nos satisfatoriamente. Melhor não dizer nada de si mesmo e deixar que os outros nos definam”.
Faciolince não escreve nem para se absolver, nem para se condenar. Em análise psicanalítica, aduzirá que tendo na sua meninice visto a irmã mais nova a afogar-se (acabaria por não morrer) e, mesmo sabendo este nadar, permanecendo imóvel e não se atirando à água, a viagem ao Donbass, muito possivelmente, terá constituído uma reivindicação de força, de não cobardia, de galhardia (que compensasse a sua falha original).

8.Victoria Amelina, caída aos estilhaços do brutal míssil sobre a pizzaria a Kramatorsk, fora, consecutivamente, engenheira de sistemas, escritora de contos infantis – a guerra roubou-lhe a possibilidade de se evadir da realidade e impôs-lhe a mudança de trabalho, a violência destruiu a minha própria linguagem, dirá – e, finalmente, ativista detalhando todos os crimes de guerra que fazia questão de observar in loco (martyr: testemunha [do ocorrido]). Sofria de um excesso de empatia, regista Faciolince que, lamentando que em vida da sua congénere literária não haja podido conhecer a sua obra – incluindo romance e ensaio, uma novela narrada por um cão, animal, como outros, abandonados aos milhares numa Ucrânia de onde se eliminaram centenas de milhares de amos destes –, impedindo-o de ter aquela amabilidade de, enquanto viajavam pela Ucrânia, trocarem dois dedos de conversa sobre o assunto, dela ficaria amiga depois da morte, entusiasmado com o que de Vitória leria, um desses casos de autores que nos revelam mundos e com os quais nos identificámos muito tempo depois de terem morrido (Amelina morre no lugar de Faciolince que com ela passa a conviver diariamente; ele não acredita em fantasmas nem alma, ao mesmo tempo que pontua que Espinosa, que “não era nenhum tonto”, sempre dizia que algo da mente permanece mesmo pós-corpo/cadáver). Ademais, concorrendo para o sentimento compassivo de Faciolince, Amelina, que publicaria nas páginas do The Guardian e espantosamente havia aposto numa das suas obras de ficção Um lugar para Dom: “talvez fossem assassinados por um projéctil que caiu sobre as suas cabeças por pura casualidade”, viera ao mundo em 1986, no mesmo ano da filha do literato da Colômbia, aquele da catástrofe de Chernobyl, momento muito importante para o vindouro colapso da URSS (1985-1991 “talvez o único lustro de liberdade em toda a história da Rússia”), e em que, trazidas pelo vento a Ocidente, se julgava que as nuvens radioativas, mesmo em Itália onde a família do escritor se alargara, contaminavam o leite UHT e, dessa sorte, só aquele reservado antes de 26 de Abril estava destinado aos bebés.

9.Entre aqueles que acompanharam Faciolince à linha da frente (mais precisamente, a 21,6 km de distância) a Kramatorsk, encontra-se uma repórter de guerra, Catalina. Com ela, ficámos a saber que 65% dos repórteres de guerra são mulheres, conquanto se abeirem, não sem frequência bastante, da jornalista, bem-intencionados, considerando-a sem força para visitar certas zonas particularmente aterradoras em cada guerra que vai cobrir. Não, assim, o marido, igualmente repórter de guerra, que olha sem estados de alma para cada viagem, dele ou dela, ao coração das trevas. Catalina pousa temporadas em Teerão e conhece Shiraz que, desde o século IX, é conhecida por produzir “o melhor vinho do mundo”. Dos três acompanhantes de Héctor Faciolince – que tentou furtar-se, evadir-se, desculpar-se de todas as maneiras e feitios para evitar a linha da frente, levando com o ferrete, insinuado, de medroso, fraco, cobarde pelos que se encontram junto a ele (“fui a Kiev por impulso e a Kramatorsk por falta de carácter”) -, três não têm filhos - e isso parece fazer certa diferença no modo como se imagina o que pode ser uma papaya (ir demasiado junto do perigo, da linha da frente, uma imprudência ou húbris fatais). Diferentemente, o literato vai enviando mensagens de WhattsApp a cada passo à mulher e aos filhos: estou quase a regressar, vê esta foto do hotel no qual ficaremos esta noite, à entrada do restaurante…Vem a explosão, na pizzaria, uma espécie de onda do mar, rodeando todos os presentes e pronta a engoli-los, suga o espaço e o tempo, já não bastam mensagens quando se recuperam sinais vitais enquanto dali se foge, é preciso, mesmo, saber-se que se está vivo (ou é um sonho?), fazer ouvir a sua voz e receber vozes em troca, quem são aqueles que nunca atendem as nossas chamadas de telemóvel? - Os filhos; a mulher, que fora sempre contra a ida de Faciolince à Ucrânia, finalmente responde e, de imediato, ingressa na cama, aturdida, por dois dias, desfeita pelo que aconteceu e, mais ainda, pelo que esteve para acontecer ao marido, momento insuportável aquele, o de se ver a um pequeno pedaço de findar, quando o escritor pensa na cena…O condutor, ucraniano, Dima, que acompanhou aquele grupo de cidadãos do mundo estaria, posteriormente ao atentado (também ele partilhara mesa com Faciolince, Sérgio, Catalina, Amelina) 5 meses em cuidados neurológicos, viria ao Porto e ao mar de Portugal, e regressaria para continuar vida na Ucrânia.

10.Todos os europeus descendemos, pela linha masculina, dos nómadas das estepes ucranianas. Okrayna significa terra fronteiriça, ou terra de fronteira. Nas estepes ucranianas, não há grandes obstáculos à passagem das pessoas, o que, a par de solos riquíssimos, tornou o país permeável, à vez, ao jugo austríaco, lituano, polaco, russo: a Geografia é um destino. Antes da II Guerra Mundial, na Polónia, Bielorrússia e Ucrânia viviam mais judeus do que em qualquer outra parte do mundo. Os professores, os escritores, os intelectuais, os mestres foram sempre ocupações muito perigosas, sim, não apenas os autarcas, perseguidos na Ucrânia por carrascos que queriam e querem limpar a identidade cultural daquele povo (e considerando que aquele tipo de pessoas a conservam, transmitem e tornam viva e renovada).
Em solo ucraniano, nasceram Gogol, Vassili Grossman, Joseph Conrad, Joseph Roth, Anna Akhmatova, Clarice Lispector, Alejandra Pizarnik. Mas, curiosamente, é, sobretudo, e agora que “o fascismo se obstina em renascer em muitas partes do mundo”, no momento em que de novo se busca o retrato do pai idealizado ou tirano que nos poupe o desconforto de pensar pela própria cabeça e decidir, nesta hora em que o belo intervalo democrático parece sucumbir ao som das campainhas de verdugos sem os quais a história não teria tomado o rumo que lhe observamos (sem Hitler não haveria solução final, sem Estaline não existiriam as purgas massivas e paranoicas ao mínimo dissenso, sem Putin inexistiria a terraplanagem na Ucrânia; com um sistema de propaganda, medo, repressão, violência, adulação, adesão é certo, estes homens imprimiram uma trágica especificidade ao mundo; Faciolince reclama, assim, a personalidade como determinante no desenrolar de uma história não determinista), com Tólstoi que resiste uma pergunta desolada sobre terra sangrenta (do Holodomor, perpetrado por Estaline,  mais de 3 milhões de mortos, talvez 7 milhões, por inanição, fome provocada deliberadamente, a esse ditador, o mais parecido com Hitler desde 1945 segundo Faciolince, Putin que vai ordenando uma matança sem fim – ele e homens-forte como Nethanyahu que terminam sempre, depois de tirarem a vida a pessoas de perder de vista, a garantir-nos como desejam a paz): de quanta terra necessita um país?

 

Pedro Miranda




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