PRIMEIRA CRÓNICA DE OUTONO
1. Nesta crónica, nunca se começa por “Dizer que”. Aqui, prefere-se escandir uma palavra. Como, por exemplo, cacimbo, sherpas, gemónias, ou, talvez, langor – palavras que conservem o eco da alegria de um confronto primaveril que convida aos exercícios plásticos de as apor em papel e ver como ficam entrelaçadas com(o) vizinhas ou irmãs. 2.Natália Ginzburg e Leone Ginzburg , seu marido, passaram uma temporada inteira à procura de uma nova casa: ela, sempre escolhendo moradias rés-do-chão, com vista para jardins, árvores e arbustos – locus amoenus de idade precoce moldado; ele, sempre afeito a apartamentos de cujas janelas se contemplassem telhados e cimo de casas, chaminés, campanários, vistas que davam para a sua meninice (“Nunca me perguntarás”, Relógio d’Água , 2025). Largo período após a estação de procura, ei-los em uma (nova) habitação que se furta a estes dois “tipos-ideais” de casa. A prova, então, de que se sobrevive, e não se regressa necessariamente, à infância, ao con...