SARAU DE POESIA

SARAU DE POESIA Poucos dias antes de Adília Lopes morrer, José Tolentino de Mendonça , no podcast “ O poema ensina a cair ”, estabelecia um certo paralelismo, uma inscrição em referências (do quotidiano) ou modos/capacidade de espanto com pontos de contacto entre aquela poeta e Adélia Prado . Um dia, seguramente, encontrar-se-iam – ao que o advérbio de modo “fisicamente” seria, aqui, redundante, dada o sensível, o sensual, o prosaico do dia-a-dia ser agarrado, com garbo, pelos colarinhos, por ambas as autoras. Não chegaram a abraçar-se, mas seguimos a sugestão da pegada, conjuntamente tomada, destas poetisas – a Adília “a quem foi dado pouco, e do pouco fez muito” – a desconcertante e muito espirituosa arte de no mais singelo iluminar o maior e de o (re)valorizar, ensinando-nos, desta sorte, a gratidão (e a dignificação do que só por erro de paralaxe valorativa julgamos ínfimo: no mesmo, cabe a música da antena2 e dos miúdos a correr cá fora e os cães a ladrar - como que integr...