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A mostrar mensagens de setembro, 2025

UMA EDITORA VISTA POR DENTRO: O CASO DA “ZIGURATE”, DE/POR CARLOS VAZ MARQUES

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  Com o concurso de algumas poupanças por si acumuladas ao longo dos anos, e com vista a permitir a presença, no mercado editorial nacional, de obras e autores que gostaria de ver vertidos para português, Carlos Vaz Marques lançou-se à aventura de criar uma editora , a “Zigurate” (depois de ter sido, já, responsável editorial por uma chancela/coleção de literatura de viagens e ter dirigido a edição portuguesa da “Granta”). Os Zigurates foram os primeiros edifícios sólidos construídos pela Humanidade, dispostos em altura de tal modo pudessem rasar o Céu, alguns dos quais, em périplos pelo Médio-Oriente e Extremo-Oriente, Vaz Marques pôde observar. Ademais, o vocábulo, “zigurate”, “soa bem” (“pelo menos a mim, soa-me bem”, diz-nos, em “Entre quem lê” [Vila Real, 27-09-2025], o autor de “Pessoal e Transmissível”, programa radiofónico de culto, na primeira década deste século) e é facilmente memorizável, em virtude, também, da raridade com que é usado. Exemplo de zigurate , a To...

GONÇALO M. TAVARES E A SABEDORIA, NO "ENTRE QUEM LÊ", EM VILA REAL

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  Se Proust recobria a cortiça o quarto/sala manto de silêncio crucial ao seu devir literário, à leitura e escrita que o preenchiam diariamente, a demanda, em 2025, para poder usufruir de um ambiente propício à escuta do nuclear é a do desligar da internet por umas horas. Gonçalo M. Tavares necessita de estar só, em silêncio, recolhimento de quatro quotidianas horas, só aí mergulha no tempo e o reconhece (tacteando-o, enquanto partícipe daquele): “só a partir das 2h da tarde passo a gostar de humanos”. Ser intelectual nos séculos XIX e XX “era brincadeira de crianças” comparado com a disciplina (ascética) necessária, nestes alvores da centúria XXI , a prosseguir os mesmos fins, em virtude não apenas da multiplicação e abrangência de conhecimento(s), mas, essencialmente, face à parafernália tecnológica, mais gratificante emocional e imediatamente (do que a dedicação ao profundo), que distrai. A virtude que o escritor, cujo primeiro livro foi publicado em 2001, traduzido em inúmera...

MIGUEL CARVALHO NO "ENTRE QUEM LÊ"

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  Claustros do Governo Civil de Vila Real, esta sexta-feira, ao fim da tarde, com lugares sentados lotados, e muitos cidadãos de pé, no âmbito do “Entra quem lê”, para a sessão de lançamento e debate de “Por dentro do Chega” (Penguin, 2025), de Miguel Carvalho , jornalista, Grande Repórter da “Visão” durante 30 anos.   O livro de Miguel Carvalho, já com 14 mil exemplares vendidos, vai para a 3ª edição , num espaço de duas semanas. Para isso, concorre o facto de a Penguin ter proporcionado, face à extensão do livro (mais de 750 páginas), um preço bastante acessível, fruto de um comprometimento da editora com a polis e com a ideia de cidadãos informados e conhecedores para se inscreverem com propriedade na vida da comunidade. Enquanto que, nos partidos tradicionais , a generalidade dos militantes tenderá a convergir ou rever-se, digamos, “em 70 ou 80% do programa” (daqueles), com o Chega , nota, diversamente, Miguel Carvalho, bastará uma causa, uma bandeira – cuja visibil...

TERRA DE FRONTEIRA

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    1. Nas trincheiras, entre arame farpado e lama, as palavras soarão a palavreado; enxutas, curtidas, rentes ao osso, de lá saem, ainda, para nos tocar. Como as de Giuseppe Ungaretti , 26 anos em 1916, voluntário na infantaria italiana, caderno de apontamentos, a meio da Primeira Guerra Mundial, por um fio (como os que por ali pairam, no arame, em nossos dias): Si sta come d’autunno sugli alberi le fogli [ Estamos como no Outono as folhas nas árvore s ] 2. Um dos aspectos que não tem merecido a pública atenção e visibilidade no contexto da guerra de agressão à Ucrânia: os milhões de mulheres obrigadas a fugir da sua terra natal e que, no exterior , encontraram, já, novos companheiros, parelhas afectivas outras. A guerra faz em fanicos os amores, os amantes. 3. Há, ainda, um outro lado viscoso na guerra, que se pega aos que viram as suas terras, casas, hospitais, escolas, igrejas, famílias bombardeadas, assaltadas, vilipendiadas. Em procurando conservar a vida...