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A mostrar mensagens de junho, 2025

JANELAS DA ESCOLA

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1 .Partimos de “Pais à maneira dinamarquesa” ( Arena , 2016), das psicólogas Jessica Alexander e Iben Sandahl , para promover uma reflexão-debate acerca da educação e das diferenças culturais na abordagem da mesma. A certa altura, o Adalberto , 18 anos, conta que, em criança, presenciou episódios de violência doméstica, com a mãe alvo de sistemáticas investidas por parte do pai. Aos 7 anos, o Adalberto ligou para a polícia. E como, com aquela idade, sabias o número para o qual havias de ligar?, interrogo. “Olhe, nem de propósito, uma semana antes, a GNR tinha ido à minha escola fazer uma acção de sensibilização e disse o número para o qual devíamos ligar em caso de necessidade. 112. E foi assim que fixei o número ”. O papel insubstituível da Escola, a importância de acções de sensibilização, de instituições de referência e com competência que colaboram na formação integral do indivíduo, que vão para lá da matéria do dia, a criança que chamou por socorro sem que o progenitor se aper...

DA BELEZA E DA PAIXÃO DO FUTEBOL

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  Carlos Maria Bobone tem escrito ensaios e livros sobre Filosofia Medieval e, mais recentemente, acerca de Luís Vaz de Camões e a obra literária deste. Encontrando-se com doença grave, à qual poderia não resistir, quis, contudo, deixar aos filhos, ainda muito jovens, um livro sobre a paixão que, por ora, o irmana aqueles, o futebol. Confirmando, assim, de resto, o desporto-rei como fortíssima e vivíssima plataforma e veículo de emoções, sentimentos, afectos, vínculos indestrutíveis . Mas também, em forma de “ensaio culto”, de um “livre pensador” (mesmo que “politicamente engajado”), oferecendo à descendência, desta sorte, com “O jogo da Glória” ( Zigurate , 2025), um aroma daquela curiosidade , erudição , conhecimento – história , arte , política , cultura , mentalidades , literatura , filosofia – sem o qual o jogo não teria a interpretação e a contextualização de que, absolutamente, carece, a leitura de sentido que o abeira de tornar-se inolvidável e, mais ainda, não pod...

"O FILHO DO CARPINTEIRO"

  «Aqui o carrasco trava a carroça: O melhor dos amigos deve partir. À vossa saúde me despeço:  Vivei rapazes, não tarda morro. «Oh, se tivesse ficado em casa Preso ao labor de meu pai, Se me tivesse agarrado à plaina E ao enxó, não estaria perdido.  «Às tantas ainda havia construído Forcas pra outros gajos, Ao invés de estar aqui, pendurado,  Oh, se tivesse ficado mal, a sós.  Agora, vês como me erguem  Lá no alto, enquanto passam, Apertam as mãos, rogam-me pragas;  E o meu estado vai de mal a pior.  «Eis-me aqui, pendurado, junto A estes dois pobres condenados Por roubo: a sorte é a mesma, Só que um está enforcado por amor.  Vede camaradas, sem distinção, Cuidai de seguir distinto caminho;  Vede o meu pescoço, salvai o vosso;  Deixai o mal em paz, se possível. «Encontrai um fim decente, Sede mais astutos que eu. Fiquem bem, que eu passo mal;  «Vivei, rapazes, não tarda morro».  A.E. HOUSMAN , "O Filho do carpinteiro", tr...

COMENTÁRIO À SITUAÇÃO

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  1 .Pressupondo, em especial, a leitura de George Steiner ou de Rob Riemen , em ensaio que, prescindindo da ambição de vários dos escritos daqueles autores sobre o estado da cultura ocidental, se concentra, em bom combate , na realidade educativa portuguesa, António Carlos Cortez , em “ O fim da educação – crise, crítica, ensino e utopia ” ( Guerra e Paz , 2025), professor de Literatura Portuguesa e de Português nos ensinos Secundário e Superior , poeta, crítico literário , deixa um conjunto de contundentes incisos e considerandos acerca da escola portuguesa , a merecerem séria ponderação de uma inteira comunidade, dos quais destacaria os seguintes: i) após doze anos de escolaridade, escreve-se, frequentemente, muito mal no (final do) Ensino Secundário e, não raro, no Ensino Superior – e, neste, não apenas no primeiro ciclo de estudos ; ii) à intensidade da aposta, na última década, em matéria de métodos pedagógicos , na gamificação do ensino, não notou o autor, bem ao in...