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A mostrar mensagens de agosto, 2024

SENTIDO DA/NA VIDA (DESIDÉRIO MURCHO E SUSAN WOLF)

  SENTIDO DA/NA VIDA Ao contrário do que possa parecer, a procura de sentido na vida é muito comum. Não raramente, estando, por exemplo, alguém, um dia, muito doente, de cama, procurando examinar se esteve bem na sua própria vida - e muita gente faz este exame, procurando, pois, um padrão que vá além da "felicidade" própria, do número de casas ou carros que teve, para realizar o teste - pode, segundo Susan Wolf (a filósofa que mais contribuiu para a teoria objectivista , nesta matéria), pensar em dois critérios fundamentais: a) uma "entrega activa" a b) "projectos de valor" . Não basta ser professor, biólogo, médico, enfermeiro, pai, mãe, avó, voluntário no IPO, político a querer fazer justiça no país - sem dúvida, "projectos de valor" ; é preciso que, em ocupando essas profissões, actividades, cargos, responsabilidades haja, face a elas, por parte de cada um que assume esse múnus, uma "entrega activa" ; do mesmo modo, por muito que &

PORTUGAL E A CONSTRUÇÃO EUROPEIA (JOSÉ MEDEIROS FERREIRA)

  Portugal e a construção europeia : da ignorância cidadã e suas consequências   1 -Os manuais de História, no terceiro ciclo do ensino básico , altura em que a matéria, pela primeira vez, se nos deparava, a nível escolar, não incluíam, relativamente à I Guerra Mundial , grandes referências, se a memória me não atraiçoa, à participação nacional na mesma. Os grandes factos, as coligações, as principais nações em contenda, as vidas nas trincheiras, o acontecimento que acabou por precipitar o conflito, os vencedores e os vencidos da Guerra, o diferenciado ar do tempo quando principiou e, por outro lado, no momento em se deu o armistício, o Tratado de Versalhes e suas consequências – mas, Portugal ao largo. Evidentemente, encontrando-se, em outras obras, da historiografia nacional (incluindo outras do mesmo autor), uma descrição detalhada da nossa presença naquele momento crucial do século XX, uma das principais notas acerca da proto-história portuguesa na Europa política – na interpret

REPUBLICANISMO

  Republicanismo Evocado, inúmeras vezes, por diferentes responsáveis políticos, o Republicanismo , a República , não designa, apenas, um regime político que se opõe à Monarquia , mas uma corrente filosófica antiga – recentemente renovada com novos contributos - que pretende a) descrever um determinado modo de os cidadãos se relacionarem entre si ; b) que busca a igualdade ; c) que remete para a necessidade de participação dos cidadãos nos assuntos públicos para não sofrerem a dominação de outros, ou de um Governo . Neste contexto, podemos identificar duas tradições republicanas diversas entre si: por um lado, o chamado republicanismo cívico (de raíz aristotélica) que, na interpretação do modo como os cidadãos deviam relacionar-se entre si, sublinha a importância, determinante, de valores e finalidades culturais e éticas partilhadas, homogeneidade social, pela comunidade para que esta possa deliberar. O republicanismo cívico emerge, historicamente, ligado à crítica dos costumes com

SONDAGENS (PAULA DO ESPÍRITO SANTO)

  Sondagens Se todos, em algum momento, já desdenhámos de sondagens, fosse pela incredulidade dos registos nelas apresentados, passando pela discrepância enorme entre sondagens de institutos diversos incidindo sobre a mesma matéria, até ao sublinhado histórico de sondagens que falharam de modo clamoroso, concluindo, porventura e de modo mais elaborado, que não queremos Executivos ou orientações partidárias a "governar por sondagens" - com isto se pretendendo significar que ao longo de um trajecto que um Governo ou uma Direcção partidária , por exemplo, devem prosseguir, as flutuações da opinião pública, os humores mais ou menos momentâneos por parte desta, os estados de alma circunstanciais e casuísticos não devem ser o critério de acção de quem se espera tenha um rumo, um horizonte, uma perspectiva para a comunidade -, contudo, com Paula do Espírito Santo , em Sistema político e processos eleitorais: a importância das sondagens e dos media , no volume de Ética Aplicada

DEVEM OS ROBÔS SER TAXADOS?

  Os robôs devem pagar impostos? 1 .Nos últimos dois/três anos, a possibilidade, corroborada por vários estudos, de os robots, em vários países, virem a substituir milhões de trabalhadores, levou a que tenha sido, e continue a ser, ponderada e debatida a criação de impostos a incidir por cada robot utilizado por uma dada empresa. A partir do momento em que esta, a empresa, e o seu, ou os seus detentores, utilizando robots, maximizam o lucro e, ao mesmo tempo, muita gente que fica, mesmo que temporariamente, sem emprego, entenderam muitos cidadãos, entre os quais Bill Gates , fundador da Microsoft , que o recurso a robots devia efetivamente ser taxado, até como forma de financiamento da requalificação dos trabalhadores ou pagamento de rescisões contratuais dos que não podem ser requalificados, ou, ainda, como financiamento de tarefas cada vez mais necessárias e não suscetíveis de substituição por robots, como os cuidados de idosos ou o reforço salarial de professores, na área da educa

REPENSAR O ALTRUÍSMO (PETER SINGER)

  1 .O filósofo Thomas Hobbes , um homem que viveu nos séculos XVI e XVII, sustentou, com particular intensidade no livro Leviatã , uma visão sombria do ser humano. Deixado sem uma autoridade forte, o homem seria o lobo do próprio homem e estaria num estado de guerra permanente com o seu semelhante (pelo que era necessário conceder soberania a uma instituição forte, com o monopólio da força, como o Estado, prefigurado nesse monstro marinho como o Leviatã). 2 .Um dia, Hobbes, passeando com amigos, e vendo um mendigo, abeirou-se deste e deu-lhe uma esmola considerável. Os seus companheiros de estrada, de imediato lhe fizeram observar que o seu gesto contradizia a sua teoria quanto à natureza profundamente iníqua do ser humano. Hobbes retorquiu-lhes que, em realidade, gostava de dar esmola, pelo que o ato que acabara de realizar tinha sido egoísta e, logo, compatível com a sua teoria. 3 .O pensador Peter Singer , um controverso professor de Ética, nos nossos dias propõe este dilema